sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Naquela Viagem

Tenho me perguntando o porquê as pessoas são como são.
O porquê alguns são simpáticos e cordiais enquanto outros são tão estúpidos.
O porquê algumas pessoas são tão falsas e mentirosas enquanto outras são tão verdadeiras.
Para ser sincera não consegui chegar a respostas alguma. Pelo contrario, mais duvidas têm surgido nessa minha cabecinha.
Mas acabei me lembrando de uma viagem que fiz ao Rio de Janeiro em um dezembro. E me espantei com aquela lembrança, que acabou me trazendo certo esclarecimento o do porquê algumas coisas são como são.

Enfim, sair do interior de São Paulo para o Rio leva mais ou menos umas 16 horas. A viagem é uma verdadeira tortura, pois como viajo sozinha, alem de ser muito demorado, tem o inconveniente do medo constante com assaltos. Tirando isso e o desconforto das poltronas, até que compensa, afinal, Rio é sempre Rio!
Mas voltando a viagem. Quando o ônibus parou na rodoviária de São Carlo logo a minha frente se instalou um menino, sua mãe e sua avó. E pelo que entendi estavam indo para região de Campos.
Logo imaginei: que saco, criança na viagem vai ser péssimo!
Entenda, esse é meu humor típico. Realmente, sou uma pessoa ranzinza de marca maior. Mas deixe de lado essa minha personalidade encantadora...
O menino deveria ter uns 4 anos. E logo que saiamos de São Carlos ele começou suas perguntas. E uma delas foi: Por que tem tanta gente indo de ônibus, eles também vão para Campos?
Eu, logo imaginei aquela resposta objetiva e explicativa. E de forma sucinta tudo se encerraria rapidamente!
Mas para meu espanto, a resposta veio através da avó. Que com a voz calma começou a explicar para o menininho que naquela rodoviária cada pessoa tinha uma historia.
Que todo dia por aquele lugar passavam muitas e muitas pessoas e cada uma delas, não necessariamente, iriam para Campos, mas podiam ir e também podiam ir para qualquer outro lugar.
Poderiam ir para sua casa, voltando assim depois de anos para matar a saudades da família. Que alguns poderiam estar aproveitando o final de semana pra diminuir a saudades e a distancia da família, dos amigos, de um amor.
Alguns poderiam estar partindo para não voltarem mais. Outros estavam indo se despedir de alguém.
E que cada pessoa que passava por ali tinha uma historia. Que cada pessoa que estava partindo tinha uma razão, seja alegre ou triste, seja por prazer ou por trabalho.
Aquela senhora, de uma maneira muito simples, teceu uma narrativa encantadora para seu neto. E este com aquele olhar atento e curioso parecia se deliciar com aquilo.
Foi ai que imaginei! Se essa fosse minha avó, a conversa já teria se encerado há muito tempo, porque de forma objetiva eu teria ganhado a resposta mais insossa e pronto!
Nesse momento dei graças por não ter filhos. Pois se os tivesse teria cerceado toda a imaginação daquele ser. Teria o ensinado a ser enfadonho! Teria incrustado toda a carga genética da minha família, que é aquela objetividade e arrogância de quem sabe tudo, mas não sabe porra nenhuma!
Fiquei encantada com aquela família e a maneira como as respostas e historias eram colocadas para aquele garotinho. Eu tive a impressão de que se priorizava as possibilidades e as variantes, que instigavam conceitos, mostravam as diferenças das pessoas e suas vontades e premiavam aquela mente com lições de imaginação.
Sorte a dele.
Sorte viver com pessoas que vislumbram mais do que podem ver. Que enxergam alem daquele horizonte cotidiano.
Assim que cheguei a rodoviária Novo Rio minha viagem terminava, mas a deles prosseguiria. E eu passei a ter uma nova visão.
Aquela família me mostrou que as possibilidades existem. Existem ao olhas de todos. Mas que é esse nosso egoísmo rotineiro de só saber olhar o nosso mundo, que nos faz usar um cabresto que nos faz perdermos os melhores prazeres da vida.
Naquela viagem ao Rio aprendi mais do que eu poderia esperar e até mesmo desejar!

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