domingo, 30 de março de 2008

Eu não confio em você

Aquelas três palavras ficaram martelando na minha cabeça.

Por mais que eu fizesse, que mudasse o foco, elas voltavam e continuavam circulando nos meus pensamentos.

Não bastou sentir todo o peso do significado da frase “eu não confio mais em você”, ainda fui obrigada a ficar revivendo, relembrando todo o ocorrido. Sentindo a ação daquela discussão no meu estomago.

E tudo aconteceu por mais uma inércia da nossa parte. O não falar foi o culpado pela minha atitude mundana.
O medo de assumir aquilo que sentia somado ao medo de vê-lo com outra foram a razão que me fizeram procurar outra boca naquela noite.

Quando agimos impulsionados pelos ciúmes e orgulho sempre há aquele arrependimento posterior. E foi isso que fiz. Ao flagrar aquela cena, ao te ver ao lado dela... não resiste. Um inconformismo infernal tomou posse e a direção das minhas atitudes. Me precipitei e deixei que o ciúme preparasse meu acalanto. Fui buscar afeto naquela boca que não era sua.

- Eu não confio mais em você.

Escutei isso depois daquela minha patética tentativa em explicar minhas atitudes. Uma justificativa banal para o “fiz o que fiz por culpa sua”. A barganha para não te perder mais uma vez. Tentei explicar o inexplicável. Fracassei, e deixei nas suas palavras o inicio da minha penitencia.

- Eu não confio em você.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Novamente teu beijo

Teu beijo! Prazer em excesso. Prazer pecaminoso.
O seu gosto não sai da minha boca.

Aquele beijo molhado e apaixonado está povoando meus sonhos. Não consigo pensar em outra coisa que não envolva seu gosto. É como uma reprise. Um flashback necessário na nossa relação.

Esse vício de saborear-te já se tornou meu vale a pena ver de novo, uma refilmagem planejada e adiada por tantas vezes.
Aquela ausência estava me matando. Um sofrimento sem fim, e eis que novamente, teu beijo cessa aquela agonia desesperadora.

Mas até quando?

Mas o porquê dessa reviravolta?

Apenas uma recaída, ou a volta tão ansiada?

Não tenho respostas! Apenas essa sensação de dejavu.

Novamente teu beijo me transforma nesse ser tão carente de afeto. Nesse ser tão dependente do teu corpo.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Crescendo Juntos

A infância como melhores amigos.
Sempre amigos.
Confidentes um do outro.
Unidos pela mesma historia. Rodeados pelas mesmas pessoas.
Parceiros na melhor mentira, nas melhores idéias. Parceiros da vida.
O menino e a menina cresceram juntos.
Vizinhos dividindo o mesmo mundo. O mesmo espaço. Respirando o mesmo ar e tocando o mesmo céu.
Dividiram as alegrias. As tristezas. Os sucessos. As derrotas.
Dividiram a mesma emoção.
Crescendo juntos, o menino e a menina tornaram-se únicos.
Somaram-se e fundiram-se na sensação mais plena que poderia ser alcançada. Transbordaram em desejo toda a amizade.
Alcançaram o amor na forma mais pura.
O menino e a menina criaram um laço invisível. Um laço que parecia perfeito e inviolável.
Usaram do amor a única vertente da verdade.
Combateram todos os vilões. Todas as tempestades.
O menino e a menina lutaram. Tentaram. Mas não resistiram às crateras emocionais e às lacunas do dialogo.
Não resistiram às intempéries alheias.
Capitularam em um janeiro muito quente.
O laço que parecia perfeito se desfez tão facilmente. O amor cedeu seu espaço à inveja, a magoa, ao desprezo.
O menino e a menina ficaram com a impressão de que era mentira. Mentira que um dia cresceram juntos. Mentira que um dia dividiram a mesma emoção. Mentira que perderam toda aquela sensação. Parecia mentira aquela derrota.
Com o fim da batalha, e incrédulos, perceberam que a única verdade seria que em outros dias futuros a historia seguiria com outros personagens.
O menino e a menina agora dividem a separação, o silencio, o orgulho.
O menino e a menina compartilham a mesma amnésia. Esqueceram-se o que significou crescerem juntos.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Aula de Judô

Estendeu a mão e a puxou do chão.

- Tá tudo bem?

Acenou com a cabeça.

A mão retirando o cabelo dos olhos. Ela tentando se recompor.

E risos. Gargalhadas.

Ele ria mais que ela.

- Alê, por que você me jogou no chão?! Como você é chato!

- Desculpa! Foi sem querer. Quando vi, já tinha aplicado o golpe, e bum, lá ta você no chão.

E ele começou bater nas pernas dela como quem queria retirar a poeira que ficou agarrada à calça.

- Pará! Agora vai me bater, não bastou me derrubar no chão?

Mais risos.

Os olhares fixos. E risos.

Risos nervosos.

Ele a puxava para perto para conferir se nenhum osso estava quebrado. E ela rindo.

Foram minutos e minutos de gargalhadas.

Uma crise de riso invadiu o diafragma daqueles dois. E entre os pedidos de desculpas dele, as tentativas de nova demonstração de golpes, e entre os olhares, nasciam os risos.

Foram duas horas nessa comedia desmedida e insignificante. Foram duas horas revezadas em riso, toques, golpes interrompidos, diálogos ininteligíveis, e olhares de cumplicidade.

Os dois com os abdomens doloridos sabiam que a brincadeira de aula de judô só havia começado como uma desculpa.

Como uma justificativa para aqueles dois corpos se tocarem.

E por isso riam.

Gargalhavam a falta de sucesso em sentirem a pele um do outro.

Risos. Sorriso! Gargalhadas.

Até que foram interrompidos.

Foram fisgados daquela interação particular e lançados para a realidade dos compromissos da vida.

- Alê, Paty, vamos! Já estamos atrasados para a aula de inglês!

Tem sempre um amigo chato que chega e suga a fantasia para a realidade.

Acabou com a aula de judô. Essa iria continuar logo após os risos cessarem.

Mas o horário não permitiu.

terça-feira, 25 de março de 2008

Choro

Choro a ausência da amizade

A saudade da cumplicidade.

Choro a falta de seus beijos

O silencio dos diálogos

A crescente distancia.

Choro a falta do cheiro

A necessidade pelo corpo

O gosto da boca.

Choro a incompreensão do seu afeto.

Choro o eu te amo enterrado pelo orgulho.

Choro o gozo levado pelo nome de outra.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Primeiro Amor

E aquele que era apenas amigo transformou-se em algo mais.

Todo o afeto e carinho cresceram e brotaram em paixão.

A amizade evoluiu e conquistou um romance.

O desejo pelo corpo.

O desejo pelo cheiro.

O desejo pelo homem.

Tudo tão vivido e real.

Nascido de uma amizade eterna essa paixão pelo primeiro amor sagrou-se amor verdadeiro.

Sagrou-se o único amor.

Alçada ao ponto mais alto da relação aquela emoção foi cultivada por breve oito meses.

As experimentações daqueles dois corpos, as sensações, os desejos, a luxuria, não resistiram aos ciúmes de uma vida.

E do primeiro amor restou apenas uma saudade viciante.

Restou apenas uma gratidão afetuosa daquela amizade anterior.

Daquele primeiro amor restou apenas uma pequena esperança de que a emoção era de verdade.

sexta-feira, 21 de março de 2008

O que somos?

O beijo já não era o primeiro.

Era mais um dos nossos beijos.

O gosto já era conhecido. Aquele gosto que tanto apreciávamos.

Não era novidade sentir o toque, o cheiro, o desejo!

Nada era novidade.

Já era nossa rotina.

Os abraços.

Os gestos.

Os suspiros.

As fungadas nos pescoço.

A mão desenhando o corpo.

Tudo já tão natural e coreografado.

Mas ainda faltava o reconhecimento.

Ainda faltava assumir aquela emoção.

O que somos?

Não somos?

Sim. Éramos. Mas não dizíamos. E por que não?

Temíamos o amor e suas conseqüências. Suas responsabilidades. Suas lagrimas.

Temíamos que a mudança acabasse com aquela emoção.

Dizer ele é meu namorado. Dizer ela é minha namorada.

Mais difícil do que assumir o amor era concluir onde estávamos.

Foi mais difícil o compromisso escancarado do que dizer eu te amo.

Foi mais difícil assumir o compromisso do que mostrar o coração.

A amizade continua

- O namoro terminou, mas a amizade continua, você sabe?

Ela concordava com ele.

Ela sentia a dor daquela separação, mas acreditava que perder o amigo seria mais doloroso, e assim, concordava com a “a amizade continua”.

-Claro. Continuaremos amigos. Sempre seremos amigos. Isso não tem como mudar.

Ela se levantou da mesa, que instantes antes servia de palco para aquela conversa cordialmente amistosa de futuros ex namorados, e foi ao encontro dos amigos que dançavam no outro ambiente.

Nada pior que terminar um namoro em uma noite de sábado em pleno ápice da balada!

Subiu as escadas que davam acesso à pista de dança e logo disparou aos amigos que a esperavam:

- Acabou! Eu e o Alê terminamos! Acabou!

Os amigos ficaram surpresos e descrentes de que realmente o casalzinho ficaria separado. Achavam que era mais uma briguinha daqueles dois.

Continuaram dançando. Bebendo. Sorrindo.

Os flashbacks daquela conversa ficavam revirando-se na mente dela. Ainda tentava entender como chegou na frase: acho melhor terminarmos! Tentava emendar as pontas daquela conversa e não conseguia entender como aquele desfecho veio à tona.

Refazia a conversa quando todos já estavam no carro a caminho de casa.

Ele no banco de traz, e ela no banco do carona, ao lado do melhor amigo. Um silencio monstruoso dominando o interior do veiculo. E todos incomodados, sem reação, sem palavras, inquietos. Perdidos em pensamentos.

Terminou.

- Tchau pessoas.

Antes de descer do carro ele ainda colocou a mão no ombro dela e repetiu:

- A amizade continua, não esqueça!

Um leve aceno na cabeça concordava.

O amigo ligou o carro e partiu. Olhou com cuidado pra ela e perguntou se estava tudo bem.

Apenas um leve aceno confirmava.

Ela chegou muda em casa. Mal se despediu do fiel amigo. E flutuando foi para cama.

Nesse momento de solidão absoluta. De máxima escuridão. As palavras antes ditas começaram a dançar pelo quarto.

E mais uma vez ela tentava entender o desfecho do fim do namoro.

Lembrou que a culpa foi dela. Culpa daquela necessidade em querer saber.

Ela percebendo aquele ar de pessoa incomodada na fisionomia dele logo disparou: - Está tudo bem?

E foi dessa pergunta que nasceu o adeus.

- Tá!

- Alê, que anda se passando com você esses dias? Está tão diferente! Silencioso.

E temendo mais a ignorância que a resposta:

- Você ainda me ama?

Quando a resposta surgiu, ela já sabia que sairia solteira daquele sábado.

- Estava justamente falando sobre isso com meu primo...

Sem esperam se seria sim ou não.

- Acho melhor terminarmos!

E foi assim. Temendo a verdade que ela preferiu a ignorância.

Preferiu ela terminar.

Preferiu não saber.

Preferiu acreditar que a amizade continuaria.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Raiva

O único sentimento era a raiva.

Raiva pela impessoalidade. Pela falta de criatividade. Pela falta de consideração. Pela falta de amizade. Pela falta de afeto.

Raiva. Apenas raiva.

Viajar para tão longe.

Viajar e trazer apenas um chiclete.

-Ah, te trouxe esse chiclete.

Quanto? Dois. Três. Quatro dólares. Uma merreca de um chiclete!

Esse é o preço que ela vale?

Bagatela de amiga.

Bagatela de sentimento.

Raiva. Muita raiva.

Foram duas semanas que ele passou no seu tão precioso USA.

Foram duas semanas que ela sentiu saudades.

Em duas semanas e ele só lembrou de lhe comprar um chiclete.

Ainda mais daqueles chicletes dos mais comuns.

Muita raiva.

No mínimo ele deveria ter esquecido da amiga. Lembrou que não comprou nada de lembrança e quando a viu, enfiou a mão no bolso e deu aquele chiclete.

Chiclete tapa buraco. Chiclete substituto de gafe.

Quanta raiva.

Raiva.

Raiva.

Era tanto o amor que ela sentia que a indiferença transbordou-se em raiva.

Queria que você estivesse aqui

Ele torcia para que o celular dela estivesse ligado. Procurou um lugar menos agitado naquela casa noturna e tentando abafar o som, ficou esperando que ela atendesse.

Um toque. Dois. Três. Quatro.

-Alô?

-Paty! Queria que você estivesse aqui! To sentindo falta do seu cheiro.

-Sei. Cheira a Cintia. Tenho certeza que ela deve estar por perto.

-Deixa de ser maldosa. Falo serio, queria que você estivesse aqui comigo!

-Claro! Foi por isso que você não me convidou?! É tanto o seu desejo que você se esqueceu!?

-Pará! Pensei que não precisasse de convite. E verdade, queria você comigo essa noite. Queria mesmo.

-Tá...

-Vem pra cá, ainda dá tempo. Tá cedo.

-Não posso. Já estou em outro lugar.

-Onde? Tá com quem?

-Naquele barzinho, lembra?

-Lembro. Se lembro. E quem está ai?

-Não se preocupe, estou em boa companhia, como você.

-Quem?Não faz isso comigo. Não me maltrata, fala logo.

-É só o resto da turma que não está ai com você. Não se preocupe, como já disse, estou bem acompanhada.

-Tá. Mas estou sentindo sua falta. E a Cintia não é você, portanto não pense besteira. Não fiz e nem farei nada.

-Se você diz... Vou desligar. To bebendo uma cerveja geladinha e não quero mais conversa com você.

-Alô! Alô?

Ele sempre ficou louco quando ela fingia não se importar. Ele sempre ficou louco quando ela era econômica com as palavras. Ele era louco por ela, e ficava louco por ela nem notar.

Seria muito pedir que ela acreditasse o quanto ele sentia falta? Seria pedir muito que ela o escutasse?

O resto da noite acabou para ele. Custava ela dizer se o maldito Junior estava lá? E se eles voltassem? E se ela se esquecesse dele?

- Mais uma cerveja.

Era melhor beber do que pensar nas inúmeras possibilidades.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Momento de definição

Uma coisa que sempre valorizei em minha vida são os meus amigos. Sempre procurei colocá-los em primeiro plano, antes mesmo de emprego, dinheiro, e compromissos.

E quando digo amigos, amizades, quero dizer àquelas pessoas que sabem da minha vida, que estão ao meu lado, que vivem e se relacionam há anos comigo. Quero dizer, amigos mesmo, e não colegas, não conhecidos, mas pessoas que apenas pelo olhar me dizem tudo e mais um pouco, pessoas que eu conheço o pior e o melhor.

Tenho poucos amigos. E não reclamo, porque eles, mesmo em menor numero, superam qualquer quantidade em se tratando de qualidade.

Mas ultimamente tenho me arrependido profundamente de ter acreditado tanto, confiado tanto, valorizado tanto algumas amizades.

Em especial e particularmente em relação a uma “amiga” que já dividiu segredos e historias ao longo de 13 anos comigo.

Ultimamente percebo uma ponta de fragilidade na nossa amizade.

Um certo momento de definição do que representamos uma à outra.

Ela tem demonstrado uma ingratidão à nossa amizade. E sinceramente, não consigo entender o porquê.

Essa pessoa se casará em setembro. E já fui informada que a cerimônia e a festa serão para os mais íntimos, alguns poucos amigos e, familiares. De tal forma, não serei sequer convidada. Isso foi me dito da forma mais delicada o possível.

Ora, então eu não sou intima e não faço parte dos poucos amigos?!

Meu espanto foi tanto que nem resposta consegui dar. Fiquei sem palavras, sem reação.

Imagine uma amizade que já dura há 13 anos. Onde os encontros se espaçaram apenas em virtude da falta de tempo e de namorados. Mas onde os contatos como telefonemas, trocas de emails ainda são constantes. Alem é claro da conversação diária pelo MSN.

Imagine uma amizade que nasceu no colégio e se arrastou até hoje.

Imagine uma amizade onde uma defende a outra. Onde o desafeto de uma é o desafeto de outra.

Imagine uma amizade onde uma sempre reservava um espaço no carro do carona para a outra. Ou um desvio no caminho apenas para uma carona à amiga.

Uma amizade onde já se chorou a falta, a união, a separação, os amores, as traições, os dissabores. Que emprestou um ombro quando necessário. Onde as palavras, os gestos e as atitudes são sempre as certas e perfeitas no momento do amparo.

Uma amizade onde todos os familiares são conhecidos pelo nome e o termo visita não existe.

Imagine uma amizade onde há sempre no final de semana um colchão a mais no quarto para depois da balada os comentários e as fofocas se arrastarem pela madrugada.

Uma amizade onde uma amiga noticia em primeira mão, não importa o horário, o melhor acontecimento da vida à outra. Onde uma torce pelo sucesso da outra, e que chora e ajuda a enxugar as lagrimas nos casos de fracasso.

Uma amizade onde uma amiga está sempre disposta a mudar os planos para atender a outra.

Imagine uma amizade repleta de cumplicidade, afeto, respeito e confiança.

Agora me responda, pode uma amiga que estudou, cresceu, evoluiu, compartilhou os piores, melhores, e alegres momentos durante a pequena soma de treze aninhos de uma vida, ser considerada outra coisa que não uma amiga intima?

Me diga se fica fácil entender, ou mesmo perdoar, essa falta e pequena indelicadeza, na exclusão de um acontecimento considerado tão importante na vida da amiga.

Seria a falta de dinheiro? Será que vale por em risco uma historia por meros punhados de dinheiro?

Ou a razão seria o noivo não gostar da amiga?

Já pensei em mil motivos. Mas nenhum que realmente justifique a falta do convite. Nenhum que valha realmente a pena para colocar em xeque a amizade de tão longa data.

Não vale a pena cultivar esse pedaço de sentimento se a via parece que segue apenas em um sentido!

terça-feira, 18 de março de 2008

Demonstrações inapropriadas

Eu tento tira-lo dos meus pensamentos, mas é tudo em vão.
Embora eu saiba que mereça uma pessoa melhor, não consigo parar de imaginar como seríamos nós dois.

Não consigo parar de imaginar. E este sim, é o meu maior problema.

A fantasia do que pode estar acontecendo é o resultado da falta de noticia.
O não saber tem-se mostrado o maior castigo e minha maior aflição.

O que me espanta é esse sumiço fantasmagórico, mesmo diante de tantos meios de comunicação, as informações se calaram, cessaram

É um silencio perturbador.
Já tinha me acostumado a não sentir seu cheiro, mas não ouvir sua voz, viver na ignorância dos fatos, ah, isso não. A ignorância me leva à loucuras momentâneas.

E estou prestes de executar a maior delas. Se esse silêncio de palavras permanecer, chegarei à sua porta.

E ai sim, mais uma humilhação para o rol de demonstrações inapropriadas. Porem, o conhecimento compensa esse momento vexatório.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Meus delírios mentais diários

Tem dias que me perco entre meus desejos e a realidade.

E vivo, por alguns instantes, a euforia de uma vida só minha.
Minha fuga é essa ficção particular.

A única, talvez, capaz de trazer um sorriso.

Através desses delírios consigo alivio e redenção.

Com essas fantasias consigo um conforto passageiro. Um sorriso instantâneo. Uma emoção de cinema. Nessas fantasias eu consigo sentir.

Mas não passa disso. De momentos. De pequenos instantes. De pequenos sonhos. De alguns delírios e nada mais.

Sonhos que não se realizam e que me deprimem. Sonhos que não passam de uma historinha criada pela minha mente em momentos de depressão.

Uma medida compensatória para auxiliar minha insignificante existência.

São meus delírios mentais diários que ainda me mantêm ligada a esse planeta.

sábado, 15 de março de 2008

Conversa de onibus

- Fui pagar uma prestação.

- É mesmo! Com essa chuva.

-Claro. Conta lá vai fazer previsão do tempo pra poder vencer em dia de sol!

- Nossa. Mas você continua a mesma respondona de sempre! Tinha até me esquecido. Faz num sei quanto tempo que você não pega mais esse ônibus que esqueci como você é bocuda.

-É que meu horário no trabalho mudou. Agora é das 9 as 15. E deixa de ser sensível! Sempre falei desse jeito. E não sou respondona e nem bocuda!

-Mas pagou a prestação.

- Olha só. Só paguei duas. Tinha três vencidas e eu tava com o dinheiro trocado certinho. Mas tive que deixar de pagar uma. Sabe, a de 28 reais. Porque eu tava passando pela Rua Brasil e tinha um vestidinho rosa que era lindo! Ai pensei. Vai ficar lindo em mim para a festa de aniversario do Bruno. Então comprei.

Mas quando cheguei no guichê do caixa fiz aquela confusão. Faltava dinheiro e até eu descobrir qual das três contas eu pagava, as pessoas da fila já reclamavam. Acabei pagando só duas, uma de 72 e outra de 56.

- Célia, você continua gastona e burra de matemática.

- Menina, acho que meu marido vai me matar. Mas amanhã ele vem e paga. O homi ta abonado, saiu a indenização do acidente, então, ele pode paga depois.

E se ele ficar bravo eu ponho o vestido e ele fica bonzinho que só vendo.

Já chegou no meu ponto. Vai na missa mais tarde Jandira?

- Hoje não. To cansada.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Naquela noite

Naquela noite tudo parecia ter um gosto diferente.

Flutuando em êxtase o menino segurava as mãos da menina.

Buscava em seus olhos aquela frase dos apaixonados.

A magia da neblina e a escuridão emolduravam aquele romance regado a beijo de novela.

O inverno de junho tornava a cena mais romântica. Perfeita.

Os lábios em sincronia.

Os olhares assumindo as palavras.

E as sensações cresciam, cresciam, e matavam de inveja quem assistia de longe.

O menino e a menina namoravam como se a vida fosse só feita daquela historia de amor.

Como se aquele dia fosse o ultimo de suas vidas.

O menino e a menina sabiam que naquela noite despediam-se daquele desejo. Sabiam que a cumplicidade caminhava para o fim. Que o desejo estava fadado a desaparecer.

O menino e a menina sabiam que pela manhã o mostro da separação assumiria o controle daquelas vidas. E guiaria ao precipício aquela historia de amor.

quarta-feira, 12 de março de 2008

O Coração e a Matriz

Aquela sensação de realização.

Sensação de pleno afeto.

De verdade.

De amor.

Aqueles desejos.

As declarações.

Tudo não passou de sonho.

De um efêmero momento de fraqueza.

A esperança nasceu naquela troca de palavras, naquela troca de toques. Tudo muito passageiro.

Nenhuma verdade.

Apenas uma maneira clássica de ludibriar um eterno coração apaixonado.

Um encontro casual não pode ser capaz de resgatar toda aquela paixão.

Apenas a vontade da idealização de reviver uma historia morta transforma mentira em esperança.

A volta do coração para a matriz não passa de uma ação mecânica, rotineira, concreta e segura.

A volta par a matriz faz enterrar aquele desejo primitivo.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Meu adeus

O telefone tocando naquela tarde quente e preguiçosa de domingo jamais poderia ser anuncio de infelicidade.

Talvez fossem os amigos com convites para diversão.

Meu espanto foi tanto quando percebi que era o ex quem ligava.

Imaginei tanta coisa que até um ligeiro sorriso nasceu no canto da minha boca.

Para minha completa devastação, ouvi as palavras: O Paulo morreu.

Simples. Lacônico. Sem detalhes.

Aterrizei de cabeça em solo duro. Foi como se eu escutasse um apito agudo nos ouvidos.

Fiquei sem reação.

O tempo paralisou e tive a impressão que sugaram meu ar. Como se esvaziassem meus pulmões.

Chorei de tristeza. De raiva. De dor. De inconformismo.

Na madrugada de domingo, durante a volta da balada, um acidente de carro encerrava o ato do “menino da porta ao lado”.

Ao ver todos os nossos amigos presentes naquele momento um misto de nostalgia e revolta se apossou do meu coração.

Saudades daquela época. Daquelas historias. Daquelas pessoas.

Revolta. Incredulidade.

Os por quês dançavam em minha cabeça fazendo-a latejar ainda mais.

A saudade chicoteava fazendo as lagrimas nascerem.

Lagrimas que são usadas como um brinde de adeus. Que simboliza nossa pequena e mais honesta homenagem.

Nesse inevitável e ultimo adeus entreguei minhas lagrimas ao Paulo.

sábado, 8 de março de 2008

O susto

A mão segurou a menina pelo ombro.

- Presta atenção!

Foi o único desabafo daquele infeliz motorista.

A freada seca no asfalto.

O susto.

O Cheiro de borracha.

Um gelo percorreu a espinha dele.

E ela nada disse. Apenas se perdeu naquele olhar apavorado do menino.

- Thais! Nossa, dessa vez foi por pouco. Quase que você foi atropelada!

- É.

- Credo. Como eu assustei! E você com essa cara de quem nem tá ai. Sua insensível!

- Mas foi só um susto. Nada aconteceu.

- Você é loca!

Permaneceram em silencio. Os dois subiam a rua pensando no que quase aconteceu.

Ele, assustado, porém orgulhoso por salva-la. Mal conseguia suportar a idéia do carro tocando o corpo dela.

As idéias dela, ao contrario do que ele poderia imaginar, eram apenas de infelicidade. Não conformava- se como o fim foi evitado.

A menina queria aquilo.

Ela queria se retirar do palco.

Ela queria encerrar o espetáculo.

Mas a mão dele foi tão rápida como o reflexo do motorista. E assim os dois evitaram o acidente. Prorrogaram mais um pouco o inevitável.

Chegaram ao seu destino ainda em silencio.

Moravam no mesmo condômino. Em prédios diferentes. Um em frente ao outro. No quinto andar. Apenas sete metros de distancia

O menino esperava o elevador enquanto ela cruzava o pátio.

E ele acompanhou o caminhar da menina, enquanto ela se afastava.

Repassava o ocorrido na sua mente. Teve a mesma sensação de desespero.

- Eu te ligo mais tarde, Thais.

- Tá.

O menino, ainda abalado com a imagem, correu até a menina. Ofegante deu um abraço emocionado nela, e mudo, voltou para sua espera.

Emoções tão contrarias pulsavam na veia dela. O querer voltava a germinar. Descobriu que o menino também se importava.

Arranquei sua vida dos meus olhos.

E guardei com alguns pedaços do meu coração.

Separei as emoções do seu retrato.

Troquei o nome e o endereço da memória.

Coloquei a leilão os prazeres dos corpos.

Fechei a porta para os eu te amos, os sorrisos, a adoração.

Coloquei no lugar da crença a desconfiança, a frieza, a desilusão

Agora quem reina é a magoa.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Desfecho

Tenho pensado muito no rumo que minha vida seguiu.

Nas escolhas que fiz. Nas pessoas que deixei pra trás. Nos sonhos que deixei morrer, na profissão que tenho, no porque fiz o que fiz.

Qual a estrada me trouxe até aqui?

Tenho me questionado, tenho questionado minha vida! Os sonhos. As alegrias. As tristezas.
E percebi a falta que sinto dos amigos, daquelas pessoas sonhadoras que como eu acreditavam e sonhavam com tantas maravilhas.

Saudade daqueles segredos compartilhados em confiança perpetua. Das historias criadas e vividas por nossos personagens de adolescência. Daquela fidelidade amorosa.

Tenho noticia de alguns. Embora sejam apenas pequenas atualizações da vida, algo distante, sem muita intimidade e proximidade.

Mesmo assim, ainda podemos manter esse breve contato superficial. Fazer essa media social!

O trabalho nos levou a seguir caminhos tão diferentes que quase nunca encontramos tempo e espaço para trazer de volta aquela amizade. Quase nunca conseguimos um horário para aquela conversa jogada e filosófica na mesa de um bar. Nunca cumprimos a promessa de arrumar um tempinho para nos encontrarmos.

O tempo agiu implacavelmente sobre nossas vidas. Modificando completamente nossa personalidade e nossa necessidade de união. Os gostos, os gestos, os olhares, as crenças... Tudo, completamente transformado pelas sensações experimentadas durante os anos de separação.

Novos amigos e amizades surgiram, mas nada comparável àquela ingênua e maravilhosa cumplicidade de quem tem a mesma vontade e sede da vida.

Quando me lembro de como eram essas pessoas, de como eram nossas vida, imagino se algo poderia ter sido alterado. Se ao invés da separação o tempo tivesse trazido a aproximação.Se a amizade houvesse sido protegida e os sonhos não houvessem sido destruídos. Como estaríamos se a união tivesse sido preservada.

Infelizmente não há como mudar nossos desencontros. Nossas desilusões.

É inevitável a conclusão que é dada pela vida. A separação é o fim inequívoco de todos nós. É apenas o desfecho, apenas a vida seguindo o rumo fatal das transformações.

Resta apenas a resignação da eterna saudade, da lembrança, dos sonhos e dos amores. Daquela união e o sabor da alegria de quem crê que pode mudar o mundo!

quinta-feira, 6 de março de 2008

O beijo e o sujeito

Que beijo!

Um beijo que me roubou o fôlego.

Me tirou o chão. Me aqueceu o coração.

Me convidou pra vida!

Eu não sabia que um beijo pudesse me fazer repensar e pensar tanto.

Juro! Aquele beijo me surpreendeu.

Nada foi planejado.

Foi um acontecimento casual. Embora o Rapha já tivesse insistido para nos encontrarmos e eu houvesse recusado, o acaso nos fez trombar ontem no shopping.

E... Só posso dizer que veio o beijo!

E que beijo!

Nunca imaginei que ele fosse tão entusiasmado!

Antes nunca havia me beijado daquela forma. Com desejo!

Não sei o que anda acontecendo com o rapaz, mas a sensação foi boa.

Depois de telefonemas estranhos, e encontros como aquele, não sei o que pensar e nem imaginar. Nem sei se quero imaginar!

Só posso dizer que aquele beijo não me sai da cabeça.

O problema é que não me importo com o Rapha. Apenas com o beijo.

Talvez seja essa minha carência combinada com meu escudo anti relações afetivas que me faz pensar na ação e não no sujeito.

Fico com o beijo e esqueço o Rapha. Parece a melhor solução. E evita novas lagrimas.


quarta-feira, 5 de março de 2008

Arruma esse cabelo.
Passa um batom.
Se endireita.
Vai com essa roupa? Com esse sapato?
Troca pelo menos de brinco!
Desse jeito vão pensar que não cuido de você! Que não compro roupas! Que não me importo!
Tenha postura de menina!
Nem parece que saiu de dentro de mim.

Se tivesse saído certamente seria burra! Ah, e como seria.

terça-feira, 4 de março de 2008

Apenas mais um

Me perdi em seu olhar. Em seu sorriso. Em seu Corpo. Em sua boca.

Me esqueci que jurei não acreditar mais em suas desculpas. Esqueci que prometi que nunca mais deixaria suas mãos me tocarem.

Não consigo resistir quando vejo seu sorriso. E isso é minha perdição. Quando vejo, me entrego completamente.

E você não merece!

Só que agora é diferente. Já não tenho mais crises de abstinência na sua ausência.

Até consigo sonhar com outras bocas, e dizer que você é apenas "mais um".

segunda-feira, 3 de março de 2008

No ônibus

Ela sentou perto da janela ao lado direito e ficou ansiosa esperando a chegada do penúltimo ponto do ônibus.

Ansiosa, mal podia esperar que ele entrasse e sentasse próximo dela.

Já fazia uma semana que ela tentava encontrá-lo no ônibus.

Nos dias anteriores àquele foi apenas frustração. Mas hoje não. Hoje seria "o" dia!

Ela tinha certeza que ele pegaria aquele ônibus.

Pelas estatísticas, probabilidade e as tentativas feitas na semana que passou, ela tinha certeza que tinha acertado o horário que coincidiria com a saída dele. E assim, ficou aguardando.

A cada parada o ônibus enchia mais, e ela, ficava nervosa, ansiosa. Afinal, e se ele não a visse porque tinha muita gente. E se ele desistisse... E se...

Seus pensamentos começaram a desaceleram quando percebeu que se aproximava o momento do reencontro.

Nenhum rosto conhecido ainda. E sua surpresa e tristeza aconteceram quando percebeu que ele não estava lá.

- Paty! Nossa que surpresa boa vê-la!

Seu rosto franziu. Ficou nervosa. E percebeu que o ultimo passageiro a entrar era seu antigo vizinho, Rodrigo.

Não conseguiu nem retribuir o sorriso que o moço lhe deu.

Mas Rodrigo parou perto dela e começou a conversar.

Ela respondia a suas perguntas, mas não conseguia se concentrar na conversa. Apenas pensava no porque o Leônidas não havia entrado naquele maldito ônibus.

Se o Rodrigo ali estava, então o horário estava certo. Se estavam na mesma sala por que ele não veio?

Talvez estivesse doente! ?

Se mordia de vontade para perguntar dele, mas controlou-se. Não podia deixar transparecer a sua curiosidade e desejo!

Ficou presa nas suas idéias enquanto seu ex-vizinho tagarelava ao seu lado.

Só voltou a si quando o ouviu dizer:

- O Leônidas tinha acabado de sair com a namorada. Senão, sem querer teríamos reunido os três patetas mais uma vez. E dentro do coletivo!

Maldito! Ele já esta com outra.

A fisionomia de Paty transformou-se. Vestiu uma carranca horrorosa até o ultimo momento. E o pobre Rodrigo não conseguia entender todo aquele azedume repentino, mas mesmo assim continuou com a conversa.


domingo, 2 de março de 2008

Nossa rotina

Todo dia por volta das cinco horas da tarde você sempre passava em casa pra me ver.

Foi assim por anos.

Foi assim que a rotina se estabeleceu.

Era garantia que nesse horário eu veria o seu sorriso.

Até o dia em que você me abandonou. Sem dizer nada, sem fazer nada você parou com esse habito de vir me ver.

A rotina, sem explicação ou motivo algum, foi quebrada. De maneira repentina e inusitada!

Inicialmente imaginei que fosse falta de tempo. Mas não.

Tempo era o que mais tínhamos.

Quem sabe talvez você ainda retornasse? Talvez estivesse chateado.

Por semanas fiquei ansiosa a sua espera. Mas nada de você chegar.

E eu sempre tentando te encontrar. Conversar. Mas era uma ausência eterna. Uma tentativa de me evitar que por final parei de tentar ouvir sua voz.

Seria algo que fiz?

O beijo não era bom?

Será que tinha te ofendido?

Talvez outra?!

Imaginei tanta coisa, mas nunca a verdade.

Não me lembrava de nada que pudesse justificar seu descaso. Nenhuma atitude, ou falta, minha que pudesse ser a razão da lacuna que surgiu na nossa amizade.

Não era o beijo que falhava, pelo contrario, nossa química era perfeita.

Não era magoa. Não era ofensa.

E foi então, após quase um ano de silencio, que descobri a razão.

A verdade chegou pela sua boca.

Você simplesmente perdeu o interesse e me abandonou por causa de outra relação.

Por minha sorte você me contou a verdade. Nem por isso, foi fácil escutá-la.

Estava em outra. Melhor, estava com outro. Resolveu sair do "armário"! Se assumiu.

E essa sua preferência me fez profundamente infeliz.

Afinal, tinha encontrado em você a companhia perfeita: o amigo carinhoso, o amante apaixonado, o irmão preocupado...

...Só podia ser mentira mesmo!

Não foi o fato de você ser gay que me machucava, e sim o fato de ter me abandonado. O afastamento e a repulsa aparente que surgiu em nossa amizade. Aquela ausência. Aquela tentativa de me evitar. Isso foi mais doloroso do que te perder.

E eu precisava tanto de você naquele momento.

Demorou algum tempo até eu ficar numa boa com tudo que você tinha me contado. Até conseguirmos nos manter no mesmo trilho.

Além de jogar essa bomba no meu colo me disse outras tantas verdades e segredos que até hoje tento lidar com eles.

Mas sabe como é: tudo passa.

E foi com o tempo que minha magoa foi domada, que seu desespero quando me via foi sanado.

Foi com ajuda do tempo que conseguimos nos encarar novamente.

Apesar de ter mudado seu olhar de direção e me largado no maior tesão, você as vezes ainda me surpreende com algumas atitudes de afeto. Mexe com minha cabeça. Me deixa confusa!

Embora nossa cumplicidade nunca tenha sido mais a mesma ainda conseguimos manter um certo nível de respeito.

Mas hoje, são só as boas lembranças daquela época e saudades de uma amizade, que nos une em um amor profundamente remodelado.

Hoje nossa rotina é apenas a distancia.