sábado, 5 de abril de 2008

Quando eles se conheceram

Naquele ambiente escuro, dominado pela musica barulhenta e fumaça de cigarros alheio, ela dançava sem se importar com toda aquela multidão.

Numa cadencia ritmada e única, marca registrada do gingado do seu corpo, ela atraia a atenção de um moreno baixo de olhar perdido.

Os olhos deles por duas horas e meia fitavam e procuravam decorar os gestos e as curvas dela.

Ela alheia a ele e presa nos olhos da dança apenas sentiu o braço ser tocado.

Imaginou que fosse o amigo e cedeu um espaço ao seu lado. Quando buscou com os olhos aquela feição conhecida deparou-se com o moreno se inclinado na sua direção.

Curiosa ficou olhando aquele rosto diferente e aproximou seu ouvido da boca dele quando ele fez sinal.

- Desculpa invadir seu espaço assim, mas é que eu precisava dizer que já faz umas duas horas que estou te olhando e descobri que você será a mulher da minha vida!

Ela franziu a testa e ficou encarando aqueles olhos escuros.

- Te assustei, né? Não era minha intenção. E não é presunção, eu apenas sei, você será a mulher da minha vida.

- Cara, você nem sabe meu nome! Como pode saber o que serei para você? Que cantada mais fraca!

- Não é cantada não. É afirmação. Eu apenas sei. E seu nome, por que não me diz e começamos daí?

Ela mesmo suspeitando das intenções do rapaz decidiu arriscar e encarar aquele jogo.

- Meu nome é Paty!

- O meu é Fábio! E para você já começar a me conhecer, vou te dizer uma coisa que eu gosto muito. Os seus olhos. Eu gosto muito.

- Fabio, desculpa, mas tenho que ir ao banheiro. Já volto!

- Claro! Sei! Me dá uma chance de te convencer. Deixa de lado essa desculpa de ir ao banheiro para fugir de mim. Deixa eu te mostrar que vale a pena me conhecer.

- Não. É sério! Eu realmente preciso ir ao banheiro. Me espera aqui que eu já volto.

- Vou acreditar, e vou esperar.

Descrente que ela fosse voltar ele ficou acompanhando o andar dela até que a perdeu no meio de tantos corpos e sombras.

Passados dez minutos de ausência. E sem esperança da volta dela. Ele virou o ultimo gole da cerveja e seguiu em direção a saída.

- Mas você ficou de me esperar! Imagine se eu não fosse a mulher da sua vida, provável que você tivesse desaparecido!

- Pensei que você não fosse voltar. Estava indo embora. É que você demorou.

- Como você desiste fácil. Não conhece fila de banheiro feminino? É sempre demorado!

E com um sorriso emoldurado pelo batom vermelho ela confirmou realmente que seria a mulher da vida dele.

- Prometo que foi a ultima vez. Daqui em diante, quando disser que te espero, esperarei não importa o quanto! Prometo.

- Cuidado heim, todas as promessas são quebradas! Não me faça já desistir de você!

- Nunca!

Ele estava se divertindo com a performance dela e daqueles olhares que ela lhe lançava. Tinha vontade de abraçá-la e ficar assim por muito tempo. Mas manteve a cautela, e procurou resistir ate ter certeza que não a assustaria.

Conversaram por muito tempo. Não perceberam que mais duas horas passaram-se. Que a multidão resumia-se a alguns corpos que ainda resistiam pela madrugada. Que os amigos os chamavam para irem embora. Que a conversa entre eles parecia confirmar que foram feitos um para o outro.

- Paty, nós estamos indo embora, você vai ou fica com esse cara?

- Vou com você Dani! Só vou me despedir. Me espera!

A carona dela os lançou a despedida. Com um beijo curto e rápido, penetrou aquele olhar. Buscou o ouvido dele e apenas disse:

- Me liga amanhã se quiser!

E o deixou. Parado. E apaixonado.

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