sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Antiga ilusão

Chegou ansioso em casa. Passou correndo pela mãe e os participantes da reza do Terço, como se não existissem. Se trancou no quarto, se jogou na cama enquanto desenrolava a cartinha dela.
E antes que pudesse se perder naquelas letras, ainda levou o papel ao nariz para mais uma vez desfrutar daquele perfume de flores.
Com o brilho no olhar começou a leitura do que julgava ser uma carta de amor.

Confessar a verdade me é pesado. Porem, não encontro uma maneira de maquiar os fatos e apresentá-los sem a aparência da mentira. Então, como alternativa, não menos difícil, utilizo das linhas que recheiam O amor nos tempos do cólera: “Hoje ao vê-lo, descobri que só nos unia uma ilusão”.
Desculpas. Mas meus sentimentos já não são os mesmos que o seu. Melhor terminarmos.
Inferno de menina! Espero que você morra, sua infeliz, frigida e meticulosa. Me dispensa, e me dilacera! Te odeio eternamente!
Foi dormir furioso, melancólico, dolorido. Pela manhã, correndo atrás dela, implorou que ela voltasse para a antiga ilusão. Foi tão convincente, que ela voltou.
Depois de meses ainda continuam mantendo uma ilusão moribunda, mas em tratamento intensivo até que se decidam pela eutanásia e migrem para novas realidades.

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