quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Morreu de inveja

Final de tarde de inverno é sempre cortante. E naqueles dez minutos de espera, enquanto o vento assobiava nos seus ouvidos, tentava escutar a conversa daquelas duas.
É fato que em todo escritório há sempre a fofoqueira maldosa. E naquele escritório não há diferenças entre os demais, apenas em números, lá reina não uma, mas duas belas fofoqueiras.
Não deveria ter ficado calada enquanto ouvia as duas conversando. 

Por que será que são sempre as belas as mais fofoqueiras? Felicidade alheia não pode existir em outros corpos, apenas nos delas? 
Devia ter soltado um belo vá à merda. Devia ter esmurrado a fuça daquelas duas. Devia, mas não fez. Ficou lá naquele frio cortante, no escuro, escutando aquela prosa fútil:
-Mas ele tem namorada! Será que ele vai cair na sua? Amiga, cuidado heim, ela tem jeito de psicopata, depois te quebra a cara!
-Ah, para! Ela é feia e chata, e num pode comigo! Coitado dele. Ele só está com ela pelo dinheiro, tenho certeza. Hoje mesmo eu vou na casa dele, me oferecer para o jantar, terminar o que começou ontem.
Ele chegou. Ela saiu da escuridão. E a loira fofoqueira ficou com cara de caneca quando viu que ele já não era “ele”, e sim aquele outro. Ele, agora era o modelo e manequim, moreno, alto e lindo, que há uma semana virou namorado.
A outra morreu de inveja, e percebeu que recolheu xepa.

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