domingo, 30 de novembro de 2008

Coisinha e seus suspiros

Apelidinhos "carinhosos". 
Gentilezas "espontâneas". 
Surpresas "despretensiosas". 
Elogios "sinceros".
Ah, "o amor"! Quanta coisinha besta  e exigente cabe naquele suspiro!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Quem pode, pode

Quem pode, pode. Quem não pode, é que se fode!
No fim do dia eu realmente penso assim. Mas pela manhã já acordo perseguindo as minhas velhas utopias. Pronta para quebrar posturas intransigentes e mesquinhas.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Na minha ilha

Pouco tempo. Muita leitura. Muito desanimo. Pouco descanso. Mas mesmo assim eu gosto.
A faculdade tem me proporcionado algumas reflexões. Muitas! Porem pensar tem me conduzido para uma vontade enorme de viver em uma ilha, isolada, eu e mais nada. 
Estressei com as pessoas. Falta bom senso! Falta respeito! Faltam pessoas que sejam de verdade!
Estressei com os orientadores que agora pressionam, pressionam e ao final dizem: você percebeu que sobrou duas folhas para serem preenchidas! OK, percebi, mas faltou tempo, e desde quando quantidade suplanta qualidade? Pensei, mas não disse. 
Não entenda mal, gosto do que estou fazendo, no entanto há momentos que bate o desanimo mesmo. Fico sentindo que por mais que eu faça, por mais que me esforce, nada é o bastante. E isso desestimula. Me  trazem questionamentos, reflexões, e a pergunta: mas vai valer a pena? 
Vem as tristezas, as incertezas...que inevitavelmente passam. Mas antes vem a vontade de viver na ilha. Sozinha. Naquela pausa onde consigo perceber minhas reais necessidade, perceber a minha vida.
Seria bom recuperar o folego para depois voltar para a rotina mundana que me cobra pelo relógio, pelas notas, pela eficiência do trabalho. Seria bom um descanso na ilha.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Na falta da sua atitude

O que eu esperava?
Nada. 
Mentira. 
Esperava que você lutasse, que tentasse, que reconquistasse, que não desistisse... Mas nada. Você fez foi é nada!
Sem atitude. No silencio. Apenas fez de conta que não existiu. Nada.
Dono de uma inércia apática abriu mão, talvez, do melhor romance que poderíamos colecionar. 

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Eliza

Seus passos eram automático. Seguia a direção que tão bem conhecia: o caminho para a casa depois do curso de inglês. Uma rota que pela primeira vez fazia sozinha. Ele, sem razão nenhuma faltou do inglês.
Ela, com os pensamentos correndo soltos, mal via a hora de encontrar com ele. O vizinho, que desde a noite anterior habitava seus pensamentos, por causa daquele beijo.
Transpirava ansiedade e nervosismo. Cada passo transformava a esperança em aflição. A medida que a distancia se encurtava mais o coração disparava.
Seria a primeira conversa. O primeiro olhar. A primeira impressão após o primeiro beijo.
Se beijarem, e agora ele já sabia. Tinha que saber. Aquela explosão pela madrugada era uma declaração escancarada do quanto ela o amava. Impossível ele não saber. E em cinco minutos ela saberia, esperava saber, o que eles seriam.
O coração acelerou quando alcançou a entrada do edifício. A disritmia disparou logo que esbarrou nele. E a tristeza calou as palavras quando ela percebeu quem era a companhia dele. 
A razão da ausência no inglês chamava-se Eliza. Uma loira. Magra. Bem vestida. Cheirosa. E que educadamente foi apresentada à melhor amiga. 
Já na primeira impressão, Eliza, era tão odiada.
A nova companhia despertou os ciúmes, a raiva, a incompreensão. Temeu que os beijos sonhados agora seriam da outra. Com e pelo medo, colou nos dois como um cão de guarda, uma sentinela. 
Enquanto ele se divertia com Elisa, ela pouco a pouco desaparecia. O olhar cheio de brilho rendeu-se a tristeza, e após todo aquele masoquismo sentimental percebeu que carregar o fardo de melhor amiga era injusto para seu coração.
Desistiu daquela tortura, da tentativa da conversa do pós beijo, da esperança, e foi-se para casa. 
Machucada, magoada, e crente que nunca se recuperaria, culpava Eliza que lhe roubou o olhar negro, a atenção e a risada do seu menino, a deixando apenas com o título de melhor amiga.
Não queria a amizade. Não queria ser invisível. Queria ser Eliza. Queria que ele soubesse, que desvendasse seu olhar, que entendesse que era amor.
Mas o menino perdidamente deslumbrado por Eliza, insistia em te-la apenas como melhor amiga. 
O menino preferia a segurança proporcionada pela melhor amiga a saber e entender o que realmente sentia.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Desafio atual

É tanto passado se fazendo presente. Uma confusão temporal na minha mente que tira todo o sono.
Aquilo que não era, hoje é. O eu te amava agora usa eu te amo. E distinguir essas emoções é um verdadeiro desafio para essa cabecinha instável.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Os meses do casal

Numa sexta feira à noite se conheceram numa sala de bate papo. Passado trinta dias das trocas de mensagens decidiram que era hora de se encontrarem.
Dois meses depois, completamente apaixonados, decidiram se casar.
Três meses, e ele vendeu a moto e deu entrada num apê de dois quartos. Ela vendeu o carro e completou na entrada, mas só na metade, a outra parte comprou alguns moveis.
Quatro meses, e apresentaram-se aos amigos. Contaram as novidades. E declararam que gravidez não era motivo do casório.
Cinco meses, e ele esqueceu da outra. E ela o outro. Amavam-se todo dia no fim da tarde. Conversavam e confessavam o ódio aos respectivos empregos, aos chefes, aos horário, e fizeram planos para um negocio de estamparia após o casamento.
Seis meses, e programaram a festa. Perceberam que o dinheiro era curto e por isso festa apenas para os mais chegados. Sem saber, perderam alguns amigos pela gafe, mas quando descobriram não se importaram.
Sete meses, e começaram distribuir os convites. Quem os recebia confirmou que gravidez não era o motivo do casório. Mas continuavam sem entender o porquê do casamento daqueles dois. Ela e ele, para todos não combinava. Ninguém entendia a pressa. Ninguém entendia a vontade.
Oito meses. Despedida de solteiro. Chá de cozinha. Presentes. Enxoval pela metade. Novos planos para lua de mel.
Nove meses, e se casaram.  O Sim diante dos amigos que sobraram, dos velhos amores que não se conformavam, da família aliviada. Festa para cem convidados, e lua de mel em Gramado.
Um mês de casado, e ele vendeu o bar, ela pediu demissão, e deram inicio a estamparia.
Dois meses. Novos empresários. Pouco dinheiro, muito trabalho. O casal cansado no fim da tarde, pela noite, e esquecendo as razões dos finais de semana.
Três meses, e o dinheiro ficou escasso. A irritação tomou o lugar dos apelidos carinhosos. É só trabalho, trabalho, trabalho.
Quatro meses, ele pensa na outra, e ela no outro. Entre os olhares surgem os pensamentos "Por que me casei com ele?", "O que vi nela?", "O que faço agora?”, "Não sou feliz!", "Não somos felizes". E o arrependimento é constante.
Cinco meses, e ele se encontra com a outra. Não resistiu, meteu-lhe um beijo na boca, jurou amá-la e implorou uma miséria de carinho. Ela lhe cedeu apenas um tapa na cara.
Seis meses, ela ligou para o outro, pediu que se encontrassem, reclamou da vida, do marido, e da saudades dos corpos entrelaçados. Ele a chamou de vagabunda e pediu que não o procurasse.
Sete meses, a estamparia vai mal, as parcelas do apartamento começam a atrasar, estão sem carro. Esqueceram o amor, perderam o respeito. Querem voltar para a casa dos pais. Querem voltar o relógio. Querem se separar.
Oito meses, e perceberam que não conseguem mais brincar de casinha. Ele procurou o amigo advogado. Ela procurou a mãe. No fim do mês colocarão um ponto final numa historia que nunca deveria ter começado. Eles não combinam. Não se amam.
Nove meses. Perceberam que casaram para atropelar a solidão e afastar a tristeza dos amores mal resolvidos, mas os efeitos matrimoniais pretendidos não deram resultados. Assinaram os papeis da separação e os pais se responsabilizarão pelas dividas do já separado casal.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Interpretações

A conversa entre eles era tão fácil. Solta. Espontânea. Não necessitava entender as entrelinhas. Era aquilo e apenas aquilo, sem segundas interpretações.
Mas num dia qualquer o inesperado aconteceu. Daquele vocabulo neutro nasciam outras conversas e outros entendimentos. Os dialogos perderam a transparencia. E o dizer por dizer já não era mais um simples dizer. Tinha sempre reticencias no final dos paragrafos, e tudo isso porque ele se apaixonou por ela. 
E a paixão forçava uma segunda interpretação das conversas.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Escuto o mundo

Seleciono as minhas verdades.
Divido as palavras entre o é e o não é.
E o que me convém, mesmo que mentira, será a minha verdade.
A tradução das frases é tendenciosa, com o único proposito de me agradar.
É assim que escuto o mundo.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Sorriso solitario

Meus romances não passam de uma construção imaginaria. Historinhas medíocres que fantasio na tentativa de evitar a solidão. 
Reflito em outras faces apenas aquilo que me satisfaz. E quando, durante a revolta do espelho a verdade surge, percebo que minha luta egoísta para o final feliz é em vão. 
Não há como manter o feliz em um romance inventado. O sorriso, nesse caso, é sempre solitário.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Efeito das palavras

Se antes suas palavras me faziam mal já não fazem porque aprendi a ignora-las. 
Descobri que não sou monstro, fria, calculista, uma apreciadora do desprezo, da humilhação. Tudo isso era mentira que você me fez acreditar ser verdade. 
Com o tempo, com a humilhação, ganhei casca e descobri como ignorar seu discurso. Demorou, mas aprendi a ignorar aquelas palavras que me torturavam diariamente. 
Posso até ter ficado com marcas, mas hoje, suas palavras são apenas palavras jogadas que nada significam. Já não me atingem. Já perderam o efeito.
Hoje, sua pretensa superioridade foi embora junto com meu respeito a você. Hoje, nenhuma daquelas palavras me arrancam lagrimas.           

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Em comemoração

To querendo a tua boca como premio para comemorar minha alegria infantil.
A vida, em raros momentos me presenteia com o melhor sorriso do planeta, e eu aceito e retribuo com meu impulso de querer viver. 
E querer viver também significa querer sentir você, por isso te atacarei com muita fome reclamando meu premio.
 

domingo, 2 de novembro de 2008

Falta de autenticidade

A proximidade à sua pessoa me conduziu ao inevitável: a decepção. De perto você é tão tradicional, tão normal. E foi essa normalidade que destruiu minha fantasia. A rotina dos seus gestos, a sua fala roteirizada, o ensaio eterno para a dança...tudo tão planejado! 
É a convivência que mata. Mata a surpresa, o inesperado, a adoração à personalidade. Conhecer a sua falta de impulso, a  ausência da coragem em rasgar os planos e improvisar, foi a decretação do fim.
Sempre me canso de pessoas que são apenas mais um rosto entre a multidão, que nunca se destacam, que apenas procuram se igualar e atingir o patamar da normalidade. Que precisam de metas para alcançar o futuro, que precisam de receituário. 
Isso me cansa, me aborrece. E me cansei de você, simplesmente porque falta autenticidade. Porque lhe basta seguir os mesmos passos diariamente.