segunda-feira, 30 de junho de 2008

Nos Apaixonar de novo

Coração dispara. Coragem e medo intercalados no mesmo instante. A ignorância e o saber. Aquele ritmo perfeito. Química extraordianaria de dois corpos. A boca, a pele, a excitação, a respiração. A mesma vontade. O mesmo desejo.
Os dois. De antagonista em busca da substituição do amor perfeito, renderam-se à união.
Falsas ilusões e esperanças abandonadas no chão do quarto.
O orgulho, os outros, as outras, os ciúmes, as traições, tudo transformado em historinha de outra vida.

O novo amor cede o lugar ao antigo amor.
Naquela cama, a negação, as mentiras, os eu te odeio, cederam lugar ao vamos nos apaixonar de novo!
Dois corpos. Duas mentes. Uma emoção. Na tentativa daquele mesmo velho amor.
Compactuaram pela lobotomia na tentativa do apaixonar de novo. E viver mais alguns dias sorrindo as alegrias de um romance.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

É ela

O exato momento. O instante da verdade. O entendimento inequívoco. Todas as respostas vindas de uma imagem.

O sonho resgatou aquela lembrança e culminou numa verdade solitária. Sem o palco, sem platéia, sem aplauso, foi obrigada a render-se a sua insignificância e engolir a culpa.

Lembrou o porquê de tanto ódio. Mas como pode um gesto tão rotineiro ser transformado em ódio?

A culpa não é da outra. É dela.

Ela que é essa paixão em fúria. Essa violência sentimental. Esse exagero de sensações.

É o tudo que a fez cega. Que a fez imputar a culpa na outra. É ela!

Foi ela que fez o gesto do adeus. E se acreditaram, a culpa é dela. Foi ela quem fingiu a mudança que resultou na distancia, não a outra!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Nessas suas palavras

Te encarei.
Respirei.
Expulsei do meu diafragma aquele seu perfume.
Enguli a coragem e com uma violência nervosa arranquei minhas mãos do seu corpo.

Indiferente a seu sorriso, fechei os olhos, e fui embora.

Cansei de ti!

-Não me liga! Não me procure!
Vou sumir! Vou te esquecer! Vou conhecer outros e novos amores!
-Não ligo e não procuro, mas, e rosas? Posso te enviar rosas?
Nessas suas palavras a vacina perdeu a eficácia.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Amnésia

Trocou todas as memórias por aquela amnésia.
Era melhor não saber quem era, quantos nomes decorou, quantos orgasmos simulou, quantas mentiras contou, quantas pessoas amou, o quanto de tudo que fez daquela historia a vida dela. A ignorância parecia mesmo muito mais calma e bela do que toda aquela dor.
Era melhor não saber à continuar escrava daquele nome. Era-lhe impossível continuar sua jornada com toda fascinação vinda daquele homem. Aquela hipnose tinha que ser substituída pela amnésica.
E foi o que ela fez. Procurou nas paginas amarelas e encontrou. Um tal de João jurou-lhe que assim que terminado o procedimento não saberia nada, nem o próprio nome.
Pagou adiantado. Amnésia instalada.
Sem saber quem era ficou olhando os carros que passavam pela rua. As pessoas indo e vindo. A noite chegando. O dia nascendo. A primavera substituída pelo verão. E ela assistindo o tumulto da vida dos outros.
Já não atuava mais. Não sabia o que fazer. Então só assistia.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Se você soubesse, teria respeito

Se eu não soubesse te ler até diria que era excesso de verdade. Mas como teu passar de mão no cabelo por traz da orelha sempre denunciou, eu já sabia, era nervoso. Uma tentativa de disfarce?
O que queria esconder? Qual verdade era tão terrível?

Inexplicavelmente você desejava que eu acreditasse. Por quê? Por que a necessidade em crer naquelas palavras expulsas da sua boca? O que era ocultado?

Eu sei que você corria atrás de um equilíbrio, de uma calmaria que silenciasse minha desconfiança e temor, mas eu sempre soube te ler. E esse foi o fim. O meu saber sinônimo de fim. Como eu queria não te conhecer, assim, tão bem.
Eu sabia que aquela falsa proteção que me vendia iria me ferir.
Eu sei como te ler!E se você soubesse que em cada gesto uma letra me dava a sua historia... Se você soubesse que sempre te vi e nesse ver eu aprendi o que o seu silencio escrevia. Se você soubesse... Não tentaria me vender àquela mentira, não tentaria camuflar aquela verdade. Teria respeito!
Você apenas disse “Nada aconteceu”, mas o teu gesto cantou no meu ouvido “
Eu sinto muito, mas aconteceu”.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Meia verde

Deitados na cama. Em silencio. Dividindo as vontades e as emoções em uma manhã de domingo gelada.
Ela procurava o corpo e ele lhe dava o braço, o peito. Trocavam calor. Trocavam confidencias.

Nos últimos minutos daquela manhã preguiçosa ele interrompeu o silencio e disparou a pergunta
:
-E essa meia verde que você saiu caçando ontem à noite, que tem de tão especial? Não podia ser aquela branca ali jogada no chão?

-Não. Tinha que ser essa verde! Eu disse pra você ontem! E não venha rir de novo... Pará!

Ele riu.
Ela riu. Ele a beijou. Apertou-a no seu corpo. E ficaram assim até não poderem mais...quando o domingo já acabava.

domingo, 22 de junho de 2008

Eu sei

Eu sei.
Também queria ficar mais um pouco nesse silencio. Na posse do seu corpo.
Eu sei.
Vamos deixar todo o barulho lá fora. Esquecer o tempo, as pessoas, os compromissos.
Eu sei.
Essa é a nossa vontade. A verdade da boca, da pele, do cheiro.
Eu sei.
Desejo fazer descer a redoma sob essa cama.
Eu sei.
Matar esse mundo que insiste em nos separar. Paralisar esse relógio que incomoda.
Eu sei.
Transformar essa nossas horas na única memoria.
Eu sei.
Vou invadir seu olhar e esquecer de todo o resto. Vou tragar todo gosto.
Eu sei.
Tenho medo de pensar na Segunda.
Eu sei.
Apenas ressaca regada a amnésia?
Eu sei...
O erro que nasceu pela madrugada de sábado?
Não sei... Mas não deveríamos ser só isso.
Eu sei.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Paciência

Não sei se a burrice tornou-se epidemia ou apenas fiquei menos tolerante.
Também não sei se surdez tornou-se requisito para funcionariozinhos. Ou se minha dicção está beirando ao gugu dada.

Diante de alguns fatos e acontecimentos cheguei a triste conclusão que não adiante nem argumentar, porque eles não conseguem entender nem o obvio!

Ou falta ar na cabeça, ou o neurologista confundiu ervilha com o cérebro. Só isso explica as barbeiragens de alguns fulaninhos.
Dai-me paciência!