quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A 700 km

Podia jurar que ele a viu, que ele estava naquele ônibus. Como ele conseguia traduzir tudo aquilo que batia no peito dela, como podia entender o porquê das lagrimas, se eram quase 700 km que o separavam?  Ele conseguia descrever tudo aquilo que ela carregou durante a viagem como se tivessem compartilhado as doze horas.
Ele não estava lá, mas sabia. Entendia que a distancia das doze horas a fez refletir, a repensar na confiança, a perder para a insegurança. E ele sabia dos exatos pensamentos dela, e isso a assustava. 
Por prudência ela ergueu mais um muro a frente. Ela jamais poderia permitir tanta proximidade sabendo da distancia. Então, mais uma vez vestiu a armadura, esfriou os diálogos, e dissimulou as sensações que ele parecia saber que ela carregava, e optou por uma nova tática para aquele relacionamento.
Começaram do zero de novo. A 700 km de distancia. Com a certeza de que para um deles a quilometragem seria o alimento da desconfiança.

Um comentário:

  1. Abre a porta do avião que eu quero pular!
    Que texto é esse!!!!

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