sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Amor inquebrável

Sentaram-se frente a frente. Entrelaçaram as mãos. Encararam os olhos. Dividiram o silencio e os segredos. Por minutos, que pareciam horas, relembraram dos dias felizes, das tristezas, das surpresas e dos sorrisos. Ficariam em comunhão nas historias daquele frágil romance. Mas foi a realidade da vida que fez o menino romper aquele silencio.
-Você sabe que te amo, não é?
-Sei... sei que me dá o amor, mas não o amor da paixão.
-Sinto muito. Mas ainda é amor. Amor de amizade. E amor de verdade.
-Não sinta. Não se justifique. Não tente atenuar. Eu sei que é amor de verdade, sei que é amor de amigo. E é o amor inquebrável.
-Mas não é o amor que queríamos viver...
-Não diga isso. É amor, e depois que parar de doer vai ser o que importará: o amor da nossa amizade!
-Então continuaremos nos amando, mas com uma historia diferente?!
-Sempre! No começo será constrangedor nos encararmos, lembrarmos dos corpos nus e da cumplicidade, e deixarmos apenas o afeto nos possuir. Mas é amor inquebrável...
-Amor inquebrável! Você acredita mesmo que seremos amigos para sempre?
-Não!
-Não?!?
-Dói muito carregar esse amor! Mas vamos fingir que sim, que sempre seremos amigos, que deixaremos o orgulho dos amantes repousar distante da nossa inquebrável amizade, mas isso não será verdade.
Soltaram as mãos. Desviaram os olhares. E sentiram o peso do desconforto surgir naquele espaço que sempre fora recheado com cumplicidade. Despediram-se. Partiram carregando uma esperança encoberta. Desejando que um amor inquebrável fosse capaz de produzir um final feliz. Torcendo para que a vida poupasse aquela amizade.

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