terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sem amizade

E eis que passados três meses ele criou coragem e lhe perguntou:
-Você tem religião?
E ela, mais corajosa ainda respondeu, convicta e monossilábica: Não!
-Mas você não acredita em nada?
-Nadica!
-Me responde uma coisa, com sinceridade, você fica triste de vez em quando?
Ela logo imaginou que ele fosse servir uma dose de algum evangelho e forçar a entrada de Deus no seu coração. Mesmo assim, temendo o discurso sou feliz porque tenho Jesus no coração, arriscou e respondeu:
-Como qualquer ser humano tenho dias felizes, mas também tenho dias tristes.
-E o que você faz nos dias tristes?
-Nada, melhor, encaro eles, as vezes fico com raiva, xingo, mas sei que eles serão superados.
-Mas você não acredita em nada, como pode encarar as dificuldades?
-Muito simples, meu querido, eu apenas acredito em mim. E isso basta.
-Se eu não tivesse religião acho que não levantaria da cama! Ultimamente só tenho dias tristes, e diferente de você, não consigo encara-los, é um grande desconforto.
-Por acaso você já ouviu falar em depressão?
...
Depois da conversa ele sumiu. Sem religião, sem amizade, essa era a equação. Abandonou a amiga e continuo mais tristonho que nunca, e por duas vezes, tentou se reunir com Deus para uma conversa mais intima.

Um comentário:

  1. Ele não entendeu as regras do jogo. Não lembrou do "Quanto menos tem, mais será tirado!". Quero só ver ir lá e falar "Então Deus, eu to meio triste sabe..." e vai escutar um "Ah, então você tá triste. Comendo todo dia, emprego, salário, dois braços, duas pernas, mãe, pai, namorada, amigos... Peraí que você vai ver o que é ser triste de fato. Continua nessa pra você ver!"
    E quando Ele resolve mostrar a felicidade, aguenta!
    "Puxa, eu era feliz e não sabia... snif!"
    =]

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