domingo, 25 de outubro de 2020

Em Rio Preto 40º e na Andaló Zero Grau

Sei que já faz muito tempo que não escrevo, mas sabe como é: o tempo foi passando e a vontade sumindo. Só que esse ano, o ano da pandemina, a ano da clausura, o ano da reflexão, dos embates ideologicos, políticos e filosóficos, enfim, o ano da total confusão e o que fez renascer uma certa vontade de escrever. Mas não se engane! Mão é pretensão da minha parte, é apenas exercício, afinal, só escreve quem tenta e sei muito bem que estou anos luz de qualquer escrita minimanente amigável e aprazivel. 
Mas mesmo assim, retornamos ao velho exercício de escrever. E porque não começar escrevendo pela notícia da minha cidade neste final de semana? Quer tema melhor que a atualização da vida na cidade do interior que vive na fase laranja? Então, se segurem e vamos lá ao exercício...
Aqui na minha cidade, interior paulista, há uma avenida que já foi point em outros tempos. Que já foi aquele típico reduto de barzinhos, restaurantes, choperias, pizzarias. Aquele lugar democrático para quem tinha/tem dinheiro se divertir aos finais de semana. Visualizaram? 
Um desses restaurantes/chopperia era o Zero Grau, que recebia famílias, galera para o jogo de futebol e para roda de samba. Lugar agradavel, com chopp gelado e um cardapio, também, bem democrático. E, fiquem sabendo, um lugar onde muitas das minhas memórias nasceram.
 Primeiro, com a minha família, com os almoços de finais de semana, depois com os amigos, e depois novamente com a família. Podemos dizer que vive meu ciclo naquele local. 
Foi lá que pela primeira vez me encontrei com os amigos para uma confraternização. Foi a minha primeira saída sozinha com o avalará conquistado quando fiz 14 anos: turma da escola reunida, muita pizza, refrigerante e conversa. E ainda voltei para casa sozinha, à pé com a turma. Aquele ambiente já tinha me visto comemorar, sofrer, encontrar e desencontrar amigos e amores. Aquele lugar, sem saber, me deu lembranças.
E com 36 anos de funcionamento, posso dizer que frequentei pelo menos por 30 anos, o que dá a dimensão do "tamanho" das minhas memórias. 
Como a maioria dos restaurantes, o Zero Grau funcionou no modo delivery, com a mesma competência de sempre. Veio a flexibilização, depois veio a noticia: não dava para continuar! Não só pelas consequencias da pandemia, mas por  muitas outros poréns.
Nesse ano da pandemia, ano da confusão, ano das surpresas, mais uma porta se fechou. E um pedaço da minha história (e de tantos outros riopreteses), nesse dia 25 de outubro de 2020, deixou de respirar para garantir que tudo que vivi alí, ficou marcado na minha memória. 
  

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Maios

Foi em um Maio de anos atrás que, pela primeira vez, me senti um nada, um ser insignificante. E é evidente que a sensação nasceu com as palavras vomitadas pela boca de terceiro. Lembro que naquele Maio as lágrimas se misturavam a água do chuveiro enquanto eu tentava esconder meu choro. Lembro da sensação do nariz entupido e da face fervendo enquanto eu molhava o travesseiro toda madrugada. Mas também lembro que foi naquele Maio que jurei que nunca mais alguém me atingiria daquela forma, que nunca mais me fariam chorar daquela forma. E foi a partir daquele Maio que ergui a maior barreira emocional da minha vida, uma barreira que se colocada em exame trará a toma que a única prejudicada foi eu. Falhei em não chorar, deveria ter deixado as lagrimas terem limpado o peito, e não represar todo o sentimento. Talvez as consequências tenham sido danosas demais. Talvez...E no Maio presente, no Maio de quarentena, tenho pensado por demais, tenho sentido demais, mas a represa tem se deixado gotejar nas madrugadas. É uma quase aceitação de que é preciso deixar limpar o peito.  

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Do que já não é...mas ainda é! As razões deste blog

Senhoras e senhores! Sabemos que vivemos dias conturbados e angustiantes. Vivemos dúvidas e incertezas. Ouvimos e interpretamos discursos dos mais variados e dúbios. Mas o principal é ainda: vivemos! 
É pensando neste vivemos que me pego a lembrar dos motivos que me levaram a começar a escrever aqui. E foi lá naquele outubro de 2007 que o motivo era só um: eu precisava expurgar toda a dor que eu carregava. A dor causada pela incerteza do meu caminho. A dor da separação. A dor a desilusão.
E quando eu recordo toda aquela dor depois de 13 anos e o que vivo hoje... tudo tão efêmero e passageiro. A dor daquela época ou diminuiu ou eu aprendi a ignora-la, mas com certeza aprendi a respirar a partir dela. Mas de repente me sinto vivendo a mesma incerteza e dúvidas daquela época. Incerteza de viver...e isso é tão dolorido e temeroso que só penso em voltar a escrever na tentativa de expurgar as dores novamente, ou seja, voltei para esse meu hospício. Voltei para quem ainda resiste nesta existência, neste espaço.