terça-feira, 30 de setembro de 2008

Seu compromisso

A menina não liga para o que pensam. Prefere se divertir no fim de tarde entre gargalhadas e tentativas de colher uma manga rosada à importar-se com o transito confuso e barulhento ao lado da marginal, e com o julgamento dos demais.
Enquanto alguns se preocupam com horários, a menina prefere imaginar o sabor daquela manga. Seu único compromisso é com os prazeres da natureza. E os outros que desviem do seu caminho.

Preciso de uma maquina do tempo

Não reencontrei minha sanidade mental depois da reforma pela qual passou minha casa. Perdi completamente meu prumo e adquiri um novo vocabulário: cotovelo, curva, luva, luva de correr, plug, espaçador, estaca, massa forte, blablabla. E a unica coisa que desejo é encontrar uma maquina do tempo capaz de me levar naquele dia no qual a familia decidiu que a casa iria ser reformada. Eu chegaria gritando: PARAAAAA TUDO, a pedrerada vai fazer merda, nós vamos processa-los. E mesmo ganhando e recebendo, a raiva vai ser muita, muita mesmo.  O silencio vai demorar para reinar nessa casa! Então para! Desiste! Compra um barco que é melhor! Ou me manda pro hospicio porque eu quase não vou sobreviver. E se meus nervos ficarem comprometidos a paz de vocês vai pro espaço. Então PARA!
Ah, alguem precisa me dar essa tal maquina do tempo! Com máxima urgência.

 

domingo, 28 de setembro de 2008

Foi para o lixo

Arranquei que nem band-aid sua presença da minha vida. Agora você deixou de ser para não existir. Não me importa mais sua pessoa, seu nome, seu estado civil. Você não é mais amiga. Arranquei essa amizade que nem band-aid, doeu na hora, mas agora nem lembro mais, já foi para o lixo. 
Não estou para aqueles que selecionam em quais momentos devo estar presente. Ou é em todos, incluindo o riso e o amor, e por sinal, será que você sabe o que é isso? Ou que procure outro que lhe de ombro para o choro. Prefiro viver em todos a viver apenas um.

sábado, 27 de setembro de 2008

Custaria a fé

Como que uma confissão pode ficar guardada por dez anos? Aquelas letras, aquelas palavras, as frases, tudo silenciado por meses, ignorado?
Tradução de uma sensação amparada por um pedaço branco de papel. Um consolo momentâneo relegado ao esquecimento de anos. Como pode?
Um papel. Um punhado de palavras. Seus sentidos. Uma carta. Como pode o autor daquilo permanecer oculto por tanto tempo? Quanta covardia. Quanto medo de deixar criar vida aquele parágrafos, aquela tradução.
O que custaria para aquela pessoa revelar ao mundo aqueles sentidos, aquela confissão? Custaria tudo. Custaria a alma. Custaria a perda do orgulho. Custaria a fé.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Adotou o silencio

Aquele joguinho mental entre elas cansou, e agora adota como tática o silencio. Descobriu que esse é sua arma indestrutível. Foi assim, com base na ausência de palavras que inverteu os papeis entre torturador e torturado. Cansou daquele falso tom superior e agora deixa que ela fale a vontade. E quando percebe que a rouquidão irá nascer e o folego já se perdeu, lança um olhar tranqüilo, de quem vê paisagem, e pronto, é proclamada a vencedora. 
Já fazem dois meses que rugas só a outra possui. Já fazem dois meses que só a outra se afunda. Já fazem dois meses que descobriu que pode decifrar maravilhas nas palavras do silencio. Já fazem dois meses, que afastou a influencia negativa que rondava há anos sua vida, quando adotou a estratagema do silencio.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Ah, o amor

Sentimento que nos faz fazer cada coisa besta! E mesmo assim, queremos a todos os instantes!
Ah, o amor! Grande suspiro! Grande emoção! 
Perdi o fôlego.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Mudança de foco

Complicado quando se é visto pela lente da amizade, quando o que se queria era o olhar da paixão. Ainda assim, se sobrevive com a esperança de que o brilho do amor possa surgir naquele olhar. É uma espera dolorosa e eterna. Mas uma espera de mudança de foco com muita, muita, esperança.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Sem instrução e sem abstração

Será que preciso falar ou você sabe o que fazer agora?
Será que entendeu o que deve ser feito depois desse meu olhar que te desafia?
Será que a ausência de dialogo vai ser um problema?
Não sei, mas você não aparenta ser daqueles que sente a melodia mesmo sem conhecer muito bem a letra. E eu espero não ter que desenhar, ou preparar um manual de instruções. Seria tão frustrante se você for daqueles sem capacidade de abstração! 

domingo, 21 de setembro de 2008

Dessa vez vou ariscar

Então que conheci uma pessoa nova... Vocês diriam: Ótimo! 
Mas não é assim tão fácil. Minha mente não é tão fácil!
Eu o provoco, e ele me provoca. Estamos e ficamos nessa há semanas. Eu gosto dessa provocação. E aparentemente ele também. No entanto, por mais que eu tenha adorado esse corre corre uma parte da minha cabecinha doente fica constantemente me lembrando: ele não é o outro!
Parece que um novo ser, um ser disposto a boicotar essa propensa e futura relação tem feito vigília no meu pensamento. Como se me dissesse: não vale a pena se arriscar quando o que você quer é o outro! E se ele decide voltar e encontra outro no seu lugar? Imaginou o que você faria se isso acontecesse?
É por esses diálogos insanos que retrocedo todas as vezes e me escondo. Só que dessa vez a minha vontade é contrariar toda a minha essência e arriscar. A vontade é sair do lugar e experimentar a novidade de outro corpo. Dessa vez, eu vou alem da minha personalidade.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A verdade

Quando tu escarras a verdade em minha cara, realmente, não me resta alternativa que não seja reconhecer o obvio: minha vida pertence ao vácuo do mundo!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Um dia despretensioso

Um dia sem promessas. Um dia normal. Mais um dia de calendário despretensioso, até que do inesperado chega as possibilidade, até que do acaso venha o destino. Até que do caminhar rápido para alcançar o compromisso, ele chega. Eis que, sem avisar e sem procurar, dois pares de olhos se cruzam entre os ir e vir. Fazendo o barulho do mundo se calar nos segundos.  Um mantem o olhar, o outro cede um sorriso, e o dia que era cinza se faz colorido.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O prazer pelo bem estar

Vai sair nessa chuva?
Vou sim!
Mas está chovendo muito, ventando muito, muito frio.
Mas e daí?
Nada. Falei por falar. Pensando no seu bem estar!
Deixe de velhice. Beijar na chuva também é gostoso. Não há porquê evitar sair nesse temporal deixando o prazer pelo bem estar.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Rotina

O beijo já não era novidade. O cheiro totalmente reconhecido a distancia. As manias, as vontades e as caretas, tudo já tão ordinário que passamos a chamar aquilo de nossa rotina. Como estender a toalha. Onde colocar o copo. Como preparar o almoço. Saber o ponto exato do vinho, da cerveja e da carne. Aprendemos os gostos e os desgostos. Transformamos a surpresa em rotina.
Rotina que enjoa, que castiga, que traz o declínio. Quando já se sabe com qual palavra se termina as frases e a reação já não é mais surpresa, é porque nos perdemos na rotina. É bom. É ruim. Saber é bom. Perder a surpresa e ruim. E foi isso. A falta da surpresa e o excesso de saber que denunciou o porquê o brilho do olhar sumiu. Conhecê-lo, respondia sem palavras o que me tirava o sono. “Você ainda me ama?”
A resposta não foi surpresa, mas surpreendeu! Era o fim da rotina.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Esquece e lembra

Esquece as discussões, as briguinhas.
Esquece as duvidas,  as desconfianças, o ciúmes.
Esquece o orgulho, a vaidade.
Esquece a magoa, o rancor.
Esquece tudo aquilo que nos conduziu ao precipício. E lembra como era bom! 
Como era bom perder as tardes de domingo na cama.
Como era bom o sorriso. 
Como era boa a sensação dentro do peito.
Era tão bom que da vontade de reviver tudo de novo. Então esquece os poréns e vamos atrás daquele sentimento que  nos fazia jogar nos braços um do outro.

domingo, 14 de setembro de 2008

Como se faz para ser feliz?

Ninguem diz que quer sobreviver. Dizem que querem é ser feliz. Cantam a todos os cantos essa tal de felicidade. Mas eu pergunto, como é que fazem para ser feliz? Será que sabem o que é essa tal felicidade?


sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Por três dias

Por três dias não me importo mais. Vou me permitir por exatos três dias apenas assistir a vida. Aconteça o que acontecer. Venha o que vier. Eu apenas não me importo. Apenas deixo acontecer.
Já surgiram muitas rugas e insonias me perseguiram, e agora é melhor deixar a vida simplismente acontecer. Assim, sem mais nem menos. Eu assistindo. Mas apenas por esses três dias. Apenas nesse final de semana. Depois, na segunda, eu volto a me importar com cosinhas que me tiram o sono.

Vingança

A mão percorria o corpo do moreno. As duas bocas em uma dança frenética. O gosto. O cheiro. 
Ele se sentindo o rapaz mais sortudo da noite. Ela olhava Ele. Ele a cortejava. Ela o tocava. Ele a desejava. Dançavam. Seduziam-se. Mas ela, beijando de olhos abertos, procurava pelo Outro. Pequenas espiadelas enquanto a excitação crescia na corpo do moreno. Ficava com Ele e se vingava do Outro, imaginava.
Queria que os olhares se cruzassem, dela e do outro. Queria poder decifrar o olhar enquanto o outro a observava beijando Ele. Ele que sempre foi a razão do ciúme. Mas não conseguiu e apenas se entregou àquela vingança excitante. Deixou que a noite fosse embalada por aquela travessura do desejo do moreno.
Mais tarde descobriu que o Outro viu tudo, mas dolorido que estava abandonou a noite de sábado para eles e foi curar-se em outro canto. 
Mais tarde ela descobriu que a vingança doía mais do que a saudade. 
Mais tarde naquela noite de sábado descobriu que seu propósito não serviu a nada. Apenas para distancia-lo ainda mais. E arrependeu-se mais uma vez. 

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Penso demais

Não sei como posso ter resistido há todos esses anos sem sua presença. É difícil transformar minha dor pela sua ausência em palavras compreensíveis se até eu, em meus melhores dias, não entendo como tudo se deu daquela forma. Eu sei o vácuo que fica aqui rondando meu peito, mas não sei como tudo aconteceu. Foi tão de repente...foi tudo tão rápido que nem tempo de respirar eu tinha.
Durante a noite troco o descanso pela tentativa de compreender. Me lembro daquelas palavras secas, mas não o que as desencadeou. Meu sono cede a vez à aceleração dos pensamentos, e flashes de nós dois, dos amigos, as falações, os barulhos ficam passeando pelo quarto. E a despedida quando te deixei na porta da casa, o beijo que ganhei no rosto, o rastro que o seu perfume deixou no carro, e foi o fim. Revivo todas as noites esses instantes, sempre perdida naquelas lembranças, tentando construir diálogos e toques que justifiquem no desaguar daquela idéia de fim.
Passaram-se anos. E eu sempre convivendo com essa dor. Essa ausência sem esperança. Sempre tentando encontrar um outro alguém que alivie esse peso de tristeza. Mas nada. Não encontro resposta. Não entendo porque sumiu se me prometeu amizade. Não entendo a razão desse abandono eterno. Não entendo tanta coisa oriunda da sua pessoa.
Às vezes penso que teria sido melhor não ter arriscado da maneira que arrisquei. Penso que teria sido melhor não ter misturado amor e amizade. Penso que nunca deveríamos ter cruzado essa linha. Penso que a culpa foi minha. Penso muito e nada me alivia. E ultimamente penso mais porque descobri que trocou definitivamente os personagens do romance. 
Penso se você é feliz. E torço, realmente, para que seja feliz. E penso, que quem sabe, quando sua vida se fizer noutra ilha eu, finalmente, consiga parar de pensar em tantos momentos  que eram seus, que eram meus, momentos nossos.
Penso demais, quando na verdade deveria era esquecer!
 
Penso que deveria esquecer que amei.

Depois eu cresço

Não tente me convencer a crescer. Crescer é doloroso demais!Eu sei que é preciso amadurecer, conquistar liberdade, adquirir responsabilidade. 
Eu sei de tudo isso. Mas não gosto de ter que comprar tudo isso.  Não gosto e nem quero ter que trocar minha vida por essa ai que você vem me apresentar. Estava tão bom desse jeito, eu toda livre, toda boba, toda inconseqüente.
Mas se alternativa não há, vamos a barganha! Deixa mais uns cinco minutos eu me divertir com a minha infantilidade. Deixa eu ficar mais um cinco minutos com esse sorriso injustificado no rosto, conseqüência da minha irresponsabilidade. Deixa eu ser só mais uns minutos irresponsável, depois, prometo que compro um punhado de roupas de adulto e vou ser aquilo que esperam da minha pessoa. Arrumo um emprego, ganho dinheiro, contraio dividas e finjo que sou feliz, mas só se me deixar ser essa imatura criança por mais cinco minutos.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Não paro

Eu só paro se alguém me parar.
Eu vou, e continuarei indo, até que alguém seja capaz de me parar. Porque eu não paro, não paro mesmo!

Esqueço o que vem depois

É o cheiro. É o beijo. É o olhar. É o toque. É o sentir a pele nas pontas dos dedos. É no tomar o teu gosto. É no roubar sua respiração. Que deixo a loucura percorrer meu corpo. 
O conjunto da sua obra que me faz má conselho nessa vida!
Me entrego esquecendo as conseqüência quando há o cheiro, o beijo, o olhar. 
Quando desenho na sua pele eu sei que já pequei. Quando te bebo, sei que caminho para minha penitencia.
Mas é um sentir tão bom que esqueço o quem vem depois.

sábado, 6 de setembro de 2008

Chega!

A vontade é de gritar! Encher o pulmão. Trazer lá do diafragma e soltar com toda a violência:CHEGA!
Sim. Chega! Basta! Dê um fim! CHEGA!
Será que assim você entenderá? 
Duvido. Lhe falta maturidade e hombridade.
Chega dessa sua atitude infantiloide. Chega desse seu orgulho besta. Chega desse seu excesso de testosterona. Chega dessa postura intransigente.
Admita de uma vez por todas que errou. Admita de uma vez por todas que você possui a mania de transferir a culpa. Admita que foi isso que fez, transferiu a culpa à outro.
Pelo menos uma vez nessa vida admita. Confessa logo que foi você quem errou. 
Chega de bancar uma superioridade insustentável. Confessa logo. Diga: Eu errei.
Não doí e não há nada de covardia em assumir a parte que lhe cabe no erro. E é mais bonito que culpar o outro pobre coitado.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Antiga ilusão

Chegou ansioso em casa. Passou correndo pela mãe e os participantes da reza do Terço, como se não existissem. Se trancou no quarto, se jogou na cama enquanto desenrolava a cartinha dela.
E antes que pudesse se perder naquelas letras, ainda levou o papel ao nariz para mais uma vez desfrutar daquele perfume de flores.
Com o brilho no olhar começou a leitura do que julgava ser uma carta de amor.

Confessar a verdade me é pesado. Porem, não encontro uma maneira de maquiar os fatos e apresentá-los sem a aparência da mentira. Então, como alternativa, não menos difícil, utilizo das linhas que recheiam O amor nos tempos do cólera: “Hoje ao vê-lo, descobri que só nos unia uma ilusão”.
Desculpas. Mas meus sentimentos já não são os mesmos que o seu. Melhor terminarmos.
Inferno de menina! Espero que você morra, sua infeliz, frigida e meticulosa. Me dispensa, e me dilacera! Te odeio eternamente!
Foi dormir furioso, melancólico, dolorido. Pela manhã, correndo atrás dela, implorou que ela voltasse para a antiga ilusão. Foi tão convincente, que ela voltou.
Depois de meses ainda continuam mantendo uma ilusão moribunda, mas em tratamento intensivo até que se decidam pela eutanásia e migrem para novas realidades.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Justiça

A visão da justiça aos olhos do operador do direito se resume naqueles atos e procedimentos postos em movimento na construção de uma sentença, cujo texto e teor muitas vezes afasta o entendimento do leigo. Ele executa suas atividades com zelo e primor, no entanto, a excelência dos procedimentos não afasta as conotações e as nuances contraditórias que plainam sob sua profissão. Não afasta  olhar desconfiado da sociedade.
Aquele sentimento do justo, que busca no aparato judicial, segue vivo no andamento do feito. E as sentenças, que são tentativas de apaziguar ânimos, derrubam qualquer esperança na lei, trazendo a tona o inconformismo pela ineficácia!
Quem busca na lei a resposta a uma "injustiça" praticada percebe a incongruência da justiça nos meandros da sentença. Tem-se fatos, tem-se as leis, tem-se os procedimentos, tem-se a espera, e tem-se a condenação. Tem-se o juiz, tem-se o advogado, tem-se o promotor, tem-se o autor, e tem-se a superficialidade do certo e errado.  Aquele momento que viria a conclamar a postura do homem honesto, daquela decisão calcada na lei, naquele instante em que a sentença é proferida, é transformado num resumo do dito popularesco conhecido como o "ganhou, mas não levou". Reconhece-se o direito, e apenas isso, porque nasce agora a espera pela eficacia!
Aquele que é honesto se pergunta o porque continuar acreditando, o porque ser correto se o premio sempre se esvai das mãos de quem merece. Aquele que preocupa-se com principios e moral quando pergunta ao seu mandatario se é só isso que há o  que fazer, tem-se sua percepção pelo mundo alterada perante a resposta. 
Aquele alicerce moral é abalado perante tanta insignificancia. Realmente, será que valerá mesmo a pena acreditar na fantasia da justiça?

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Pessoas são pessoas

Pessoas são pessoas e fazem o que sabem muito bem, ou seja, ferir a quem amam. Pessoas fazem isso com uma maestria. Parece que treinam, estudam e defendem tese. Publicações com o título  Da essência afetiva à insignificância absoluta em cinco passos, Tortura emocional, uma atividade solitária e Eu não te amo, são o guia das pessoas que são pessoas e desejam atingir a quintessência.

Morreu de inveja

Final de tarde de inverno é sempre cortante. E naqueles dez minutos de espera, enquanto o vento assobiava nos seus ouvidos, tentava escutar a conversa daquelas duas.
É fato que em todo escritório há sempre a fofoqueira maldosa. E naquele escritório não há diferenças entre os demais, apenas em números, lá reina não uma, mas duas belas fofoqueiras.
Não deveria ter ficado calada enquanto ouvia as duas conversando. 

Por que será que são sempre as belas as mais fofoqueiras? Felicidade alheia não pode existir em outros corpos, apenas nos delas? 
Devia ter soltado um belo vá à merda. Devia ter esmurrado a fuça daquelas duas. Devia, mas não fez. Ficou lá naquele frio cortante, no escuro, escutando aquela prosa fútil:
-Mas ele tem namorada! Será que ele vai cair na sua? Amiga, cuidado heim, ela tem jeito de psicopata, depois te quebra a cara!
-Ah, para! Ela é feia e chata, e num pode comigo! Coitado dele. Ele só está com ela pelo dinheiro, tenho certeza. Hoje mesmo eu vou na casa dele, me oferecer para o jantar, terminar o que começou ontem.
Ele chegou. Ela saiu da escuridão. E a loira fofoqueira ficou com cara de caneca quando viu que ele já não era “ele”, e sim aquele outro. Ele, agora era o modelo e manequim, moreno, alto e lindo, que há uma semana virou namorado.
A outra morreu de inveja, e percebeu que recolheu xepa.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Relógio novo

Como priorizar o que me é importante?
Tudo me importa. A vida me importa.As pessoas me importam. Os amores, os prazeres, os amigos. Tudo me é importante.
Como dosar o tempo? Como posso estipular um parâmetro nessa doação?
Não posso. Não posso priorizar, ordenar, retirar.
Estabelecer cinco, dez minutos? Alguns precisariam de horas, não minutos.
E eu, como posso te-los e ter a tudo se tenho que estipular números que caibam dentro das minhas 24 horas?
Preciso é de um relógio novo que saiba marcar as minhas horas!