sábado, 3 de maio de 2008

No aniversário dele

- Alê?

-É você, Paty?

-Oi. To ligando só pra desejar um feliz aniversario...

Era a primeira conversa entre eles. Desde Fevereiro que não se falavam. E mesmo sendo um inicio esse primeiro dialogo estava longe de representar o retorno da amizade.

Causava uma certa estranheza naqueles dois essa falta de intimidade.

A ausência da cumplicidade abria um protocolo totalmente novo entre eles, e tanto ele como ela não sabiam ao certo como agir. Apenas sabiam que aquele silencio instalado era desagradável.

Era aniversario dele, e ela, diferente dos anos anteriores, não sabia ao certo o que fazer, e se fazer!

No maio passado sabia. Sabia que teria festa, o que falar, o que comprar de presente. Sabia como agir. Sabia que fazia parte!

Mas esse ano, nesse maio, não tinha certeza.

Ligar? Ir a casa dele? Comprar presente? Fazer de conta que esqueceu?

Será que fica chato...?

Ela passou a tarde toda pensando nele. Pensando se era certo, se era errado, se deveria... Até que se decidiu.

Ligaria. Desejaria o melhor para ele. Compraria presente. E se fosse convidada para festa, também iria.

Ora, ele desde de sempre foi meu amigo. Não é porque agora somos ex-namorados que vou fingir que esqueci que dia é hoje!
E se eu não ligar o que ele pensará de mim? Essa barreira entre nós tem que sumir!

Naquela noite, naquele telefonema, a ordem tentava ser restabelecida. Ela tinha dado o primeiro passo para a reconstrução da afinidade.

-Obrigada Paty. Você tá na sua casa?

-Estou sim, por quê?

-Posso passar daí?

-Pode sim. Você vem agora?

-Daqui a pouquinho chego ai então. To saindo do clube e chego já.

A sensação de frio na barriga incomodava aos dois. E quando se olharam...a estranheza os fez tremer.

O que falar?

O que fazer?

Ele, desceu do carro. Foi ate ela e a abraçou.Ficaram assim por apenas cinco segundos.

Conversaram. Falaram sobre o nada. Deixaram o tempo passar. Tentaram se atualizar da vida um do outro. Tentaram disfarçar o incomodo.

E a vontade de perguntar está ficando com alguém, ficava martelando na cabeça deles. As respostas, porem, os impediam de perguntar. Melhor a ignorância. Melhor fingir tranqüilidade.

De todas as formas, com tantas palavras, lutaram para transformar aquela noite em velhos momentos... Mas fracassaram.

Não eram mais os mesmo. Estavam magoados. E o coração não era capaz de vencer o orgulho.

Assim, foram obrigados a criar um alivio passageiro, uma mentira confortável.

Passaram um verniz naquela antiga historia tentando proteger a amizade que juraram manter.

No aniversario dele descobriram que contornar o desconforto era muito mais difícil que vencer o orgulho ferido. Naquela noite perceberam que nunca mais dividiriam suas historias.

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