domingo, 28 de março de 2021

Março: a rotina do luto

Mesmo que essa tal pandemia já esteja há mais de um ano entre nós, nada me (nos) preparou o suficiente para enfrentar esse mês de Março. Mais de um ano...e embora o conhecimento tenha avançado, as previsões tivessem sido enfáticas, continuamos caminhando alheios a qualquer aviso. Digo caminhamos porque todos tivemos que seguir aleatoriamente, pois não há um plano, uma direção e a vida continuou seguindo. Vivemos constantemente à deriva! 

E as noticias que chegaram e ainda chegam neste mês de Março são de um desalento, de uma comoção sem tamanho.   Diariamente, neste mês, cada manhã tenho ciência que mais um amigo, um familiar, perdeu a vida por conta do COVID-19. Gente abaixo dos 45 anos, saudável, sem qualquer comorbidade e que partiu deixando a família desolada na tristeza: será que fizemos o suficiente para que lutassem pela vida?

Hoje, 28 de março de 2021, 381 dias após o registro da primeira morte, recebo a noticia que o CARA que despertou minha paixão pela Astrofotografia faleceu. Não éramos próximos, mas me encantava e admirava pela bondade com que compartilhava todo seu conhecimento. Humilde e aberto, tal qual como todos os grandes em talento e vocação. 

Março se tornou uma rotina de luto acompanhada da despedida mais dolorosa: todos afastados, um adeus de longe, com força para resguarda-los na retina da memório. 

sábado, 27 de março de 2021

Quem parte? Quem fica?

Não temos controle de absolutamente nada. Somos seres completamente impotentes, mas mal nos damos conta de tal constatação. E quando ela chega (a noção do tamanho da nossa insignificância e impotência) reagimos como? 
Quem parte? 
Quem fica? 
Quando chega a sua vez, você sabe que chegou? 

A realidade que vivemos já há mais de um ano me causa estranheza, incerteza, angustia e aquela sensação de impotência sem limite, sem tamanho. 
Cada dia.
Cada hora que passa, uma única certeza: não valemos nada! Somos um copo sujo, que será deixado sob a pia, assim que a exaustão (física, emotiva e psicológica) atingir seu limite. 
Mas você sabe quando chegou a sua vez? 

domingo, 25 de outubro de 2020

Em Rio Preto 40º e na Andaló Zero Grau

Sei que já faz muito tempo que não escrevo, mas sabe como é: o tempo foi passando e a vontade sumindo. Só que esse ano, o ano da pandemina, a ano da clausura, o ano da reflexão, dos embates ideologicos, políticos e filosóficos, enfim, o ano da total confusão e o que fez renascer uma certa vontade de escrever. Mas não se engane! Mão é pretensão da minha parte, é apenas exercício, afinal, só escreve quem tenta e sei muito bem que estou anos luz de qualquer escrita minimanente amigável e aprazivel. 
Mas mesmo assim, retornamos ao velho exercício de escrever. E porque não começar escrevendo pela notícia da minha cidade neste final de semana? Quer tema melhor que a atualização da vida na cidade do interior que vive na fase laranja? Então, se segurem e vamos lá ao exercício...
Aqui na minha cidade, interior paulista, há uma avenida que já foi point em outros tempos. Que já foi aquele típico reduto de barzinhos, restaurantes, choperias, pizzarias. Aquele lugar democrático para quem tinha/tem dinheiro se divertir aos finais de semana. Visualizaram? 
Um desses restaurantes/chopperia era o Zero Grau, que recebia famílias, galera para o jogo de futebol e para roda de samba. Lugar agradavel, com chopp gelado e um cardapio, também, bem democrático. E, fiquem sabendo, um lugar onde muitas das minhas memórias nasceram.
 Primeiro, com a minha família, com os almoços de finais de semana, depois com os amigos, e depois novamente com a família. Podemos dizer que vive meu ciclo naquele local. 
Foi lá que pela primeira vez me encontrei com os amigos para uma confraternização. Foi a minha primeira saída sozinha com o avalará conquistado quando fiz 14 anos: turma da escola reunida, muita pizza, refrigerante e conversa. E ainda voltei para casa sozinha, à pé com a turma. Aquele ambiente já tinha me visto comemorar, sofrer, encontrar e desencontrar amigos e amores. Aquele lugar, sem saber, me deu lembranças.
E com 36 anos de funcionamento, posso dizer que frequentei pelo menos por 30 anos, o que dá a dimensão do "tamanho" das minhas memórias. 
Como a maioria dos restaurantes, o Zero Grau funcionou no modo delivery, com a mesma competência de sempre. Veio a flexibilização, depois veio a noticia: não dava para continuar! Não só pelas consequencias da pandemia, mas por  muitas outros poréns.
Nesse ano da pandemia, ano da confusão, ano das surpresas, mais uma porta se fechou. E um pedaço da minha história (e de tantos outros riopreteses), nesse dia 25 de outubro de 2020, deixou de respirar para garantir que tudo que vivi alí, ficou marcado na minha memória. 
  

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Maios

Foi em um Maio de anos atrás que, pela primeira vez, me senti um nada, um ser insignificante. E é evidente que a sensação nasceu com as palavras vomitadas pela boca de terceiro. Lembro que naquele Maio as lágrimas se misturavam a água do chuveiro enquanto eu tentava esconder meu choro. Lembro da sensação do nariz entupido e da face fervendo enquanto eu molhava o travesseiro toda madrugada. Mas também lembro que foi naquele Maio que jurei que nunca mais alguém me atingiria daquela forma, que nunca mais me fariam chorar daquela forma. E foi a partir daquele Maio que ergui a maior barreira emocional da minha vida, uma barreira que se colocada em exame trará a toma que a única prejudicada foi eu. Falhei em não chorar, deveria ter deixado as lagrimas terem limpado o peito, e não represar todo o sentimento. Talvez as consequências tenham sido danosas demais. Talvez...E no Maio presente, no Maio de quarentena, tenho pensado por demais, tenho sentido demais, mas a represa tem se deixado gotejar nas madrugadas. É uma quase aceitação de que é preciso deixar limpar o peito.  

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Do que já não é...mas ainda é! As razões deste blog

Senhoras e senhores! Sabemos que vivemos dias conturbados e angustiantes. Vivemos dúvidas e incertezas. Ouvimos e interpretamos discursos dos mais variados e dúbios. Mas o principal é ainda: vivemos! 
É pensando neste vivemos que me pego a lembrar dos motivos que me levaram a começar a escrever aqui. E foi lá naquele outubro de 2007 que o motivo era só um: eu precisava expurgar toda a dor que eu carregava. A dor causada pela incerteza do meu caminho. A dor da separação. A dor a desilusão.
E quando eu recordo toda aquela dor depois de 13 anos e o que vivo hoje... tudo tão efêmero e passageiro. A dor daquela época ou diminuiu ou eu aprendi a ignora-la, mas com certeza aprendi a respirar a partir dela. Mas de repente me sinto vivendo a mesma incerteza e dúvidas daquela época. Incerteza de viver...e isso é tão dolorido e temeroso que só penso em voltar a escrever na tentativa de expurgar as dores novamente, ou seja, voltei para esse meu hospício. Voltei para quem ainda resiste nesta existência, neste espaço. 

terça-feira, 15 de outubro de 2019

15 de outubro - o famoso Dia dos Professores

Não recordo se mencionei aqui que sou professora......faz tanto tempo que não escrevo. que não recorro a este espaço que já nem lembro ao certo o que mencionei ou deixei de mencionar... 
Em todo caso, sou professora! E neste dia só comento que: visto preto! permaneço de luto. Quero respeito, quero educação de qualidade. E isso é tão complexo, embora não deveria, afinal, nossa falta de educação se resolveria com vontade política, mas isto não há! E parece tão ilusório, porque é um jogo de empurra-empurra, de esquerda vs direita, que só quem perde é o pobre coitado que precisa do ensino publico.  
Professor e professora é uma grande porção que só é lembrada neste dia e em ano eleitoral! Somos lembrados e lembradas em dois momentos de discurso tão demagógicos, tão alucinados, que só quem vivência essa profissão sabe a quantidade de mentira que circula em volta da palavra educação e professores.
É 15 de outubro e visto luto! Não preciso ser de esquerda, direita ou centrão para ter a minima noção de que a educação falece, vegeta no Brasil.
Minhas felicitações pelo dia recebo em forma de: meus pêsames!

sábado, 20 de abril de 2019

Um ano de ausência e muitas mudanças

Fui perdendo a vontade de escrever, o gosto pela leitura...simplesmente fui perdendo a vontade. Não foi de repente, foi processual. Foi durante esse 2018 que vivi uma infelicidade tão silenciosa, que acredito que quase nenhum dos meus conhecidos tem ideia do que se passou comigo. Mas passou! Aquilo que me puxava para baixo ficou em 2018, mudei de vontades, de local de trabalho, de pessoas próximas. Mudei! Já voltei as leituras, falta voltar a escrever... mas o que escrever? afinal são tantos acontecimentos que precisam ser expurgados, são tantas magoas que precisam virar apenas aprendizagens. 
Dúvidas, desejos e vontades, mas o mais importante que é voltei. Voltei a ser eu! E o mais difícil é lidar com esse fato de que me deixei contaminar por acontecimentos e pessoas tão mesquinhas, tão traiçoeiras, o mais difícil é aceitar o quão vulnerável  podemos ficar... ainda estou liando com esse turbilhão. 

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Das decepções

Nos últimos dois anos o trabalho tem me chateado muito. Melhor dizer que não é o trabalho em si, porque este me dá uma alegria imensa, uma satisfação gigante, mas as pessoas com as quais sou obrigada a conviver profissionalmente, que eventualmente, me fazem questionar os motivos de continuar onde estou, e consequentemente é o que traz a tona aquela sensação de insatisfação. 
Mas explicando... minha relação com elas ora é paradoxal, ora pacifica, ora tumultuada, enfim, eu sei que é complexo e complicado entender tal frase, mas essa confusão sintetiza em muito meus sentimentos quando chego em casa depois do trabalho e sinto o peito explodir. 
Talvez por acreditar que muito do meu trabalho precisa e deva ser colaborativo e coletivo, me expresso demais, sugiro demais,  questiono demais, tento participar demais. E percebo que isto, este estar presente, ser esta pessoa que fala e que tem uma ação politica não é bem quisto e nem desejado por muitos. Percebo, e tenho sentido que o que desejam mesmo são seres acomodados que são fáceis de serem conduzidos. 
E é isso, essa sensação de estar perdendo uma batalha interna, de estar quase entregando os pontos é que tem me chateado e angustiado. Sei que chega determinado momento da vida que as escolhas são pautadas para evitar o confronto, mas também sei que em determinadas profissões as ações são o confronto. Até porque acomodar-se e ficar no discurso de que não há mudança, de que dá trabalho são discursos incompatíveis com a docência. E daí já começo a refletir de que se de fato não podemos fazer morada onde não podemos sonhar, se já não está na hora de mudar de lugar?

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Tanto

Eu tenho tantas fotos...
E tenho tantas frases...
Eu tenho tanta vontade...
Eu tenho...tanta saudade. 

sábado, 3 de junho de 2017

Teatro

Tem uma coisinha que o teatro me "deu" e que incomoda tanta gente: a aceitação do meu eu. Isso incomoda tanta gente, porque, afinal, quando sabemos quem somos, o que nos agrada e que não é necessário agradar os outros para vivermos, acontecem vários conflitos e frases como "você não era assim"... Já não é tão fácil ser manipulada. 
O teatro, claro, que com sua intensa e constante investigação, que me conduziu e conduz a um processo de descobertas e experimentações, adicionou mudanças na minha vida, no meu olhar e nas relações. Sinto que fui contagiada, que arrancaram as vendas dos meus olhos, que a vida mudou e que posso e mereço ser feliz. 
Mas o teatro também intensificou minha insegurança e minhas ansiedade, mas aprendo que isso não precisa ser um defeito, aprendo que posso aceitar. Esse tal do teatro faz cada coisa...   

sábado, 21 de janeiro de 2017

Tem poucos dias que voltei de viagem. E confesso que viajar é uma das minhas paixões. E os motivos são tantos e tão complexos que é difícil escrever sobre, mas há algo que sempre pulsa na mente e no meu corpo sempre que retorno ao meu lar: a cultura do outro. Apesar das diferenças tão gritantes, as vontades e desejos são tão semelhantes. E tudo isso me faz olhar o mundo, a minha vida de uma forma tão diversa de quando parti, algumas coisas perdem significado, enquanto outras tomam outra dimensão. A vida de repente se agiganta pelo resultado de uma vivência tão complexa chamada viajem.   

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

De quando nos sentirmos amados

Ontem foi meu aniversário. E eu sempre lidei mal com essa data. Sempre férias, amigos viajando e os que estão na cidade todos cheios das comemorações do "fim do ano", e tem o adicional de ter sentido a morte de pessoas importantes ou no dia, ou dias antes. Enfim, nunca fui de comemorar, de animar para reunir os amigos, sendo que o aniversário sempre foi uma data mais a ser lembrada do que uma data a comemorar. Mas esse ano eu estou mudada (já tem tempos que sofro uma certa mutação comportamental) e mesmo sem festa ou farra, recebi a data como algo a ser comemorado. E foi bom porque senti o acalanto em palavras, o carinhos de muita gente, me senti amada. E foi bom porque algo ficou mais palpável: ficou na vida quem se importa, ficaram os amigos (poucos, mas ficaram).  

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

2016 - O ano velho

Esse ano tentei, tentei acreditar mais nas pessoas, tentei confiar, tentei abrir a minha vida para o outro, para as relações. E com isso eu posso confessar que eu cresci e me transformei um pouquinho mais. Porque, realmente, entender que quero me afastar das decepções e consequentemente das minhas relações, porque inevitavelmente as pessoas sempre me decepcionam, me ajudou a entender o que eu sou, a entender o meu EU (toda a frase parece uma redundância só, mas é isso mesmo!). E te digo uma coisa, eita processo difícil esse que é "se entender" e aceitar. Mas foi catártico...mas foi doloroso. 
Esse ano também descobri, acho melhor dizer que confirmei, não saber expressar minhas emoções e sensações, o que colabora em muito para meu constante afastamento das pessoas. E descobri que é doloroso se entregar por meio de palavras, entregar sentimentos. E eu fiz isso, duas vezes! Entreguei todo meu coração, tudo bem que foi por meio de palavras escritas, mas entreguei a duas pessoas. Confesso que foi quase como ficar nua diante de uma multidão. Talvez essa entrega seja um dos passos para reverter minha descrença e desconfiança com os outros. 
Na balança de 2016 ficam muitas aprendizagens combinada com uma sensação de dor e felicidade de uma entrega. Quem sabe eu fique mais humana em 2017? Quem sabe?  

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Desistindo

Não acredito que tenha sentimento pior do que desistir de pessoas. O ódio ainda é alguma coisa, mas a desistência... essa significa já não se importar, não ser afetado. Desistir de pessoas é o inicio de ignora-las, é como não se importar nem em conhece-las. E nesse ano tenho esse sentimento, ou falta de (sentimento) por algumas pessoas. Esse ano desisti de muitas pessoas, e aparentemente tenho vivido melhor, mais leve. 

domingo, 27 de novembro de 2016

Dificuldades

Tenho dificuldade em lidar com meus sentimento... e pessoas. Mas é inevitável conviver com pessoas e, portanto, inevitável sentir. Só que esses dias está muito difícil lidar com tanta profusão de sentimentos. É uma avalanche de decepção, magoas, angustias e amor. E tudo isso dá um medo danado.