terça-feira, 16 de setembro de 2008

Rotina

O beijo já não era novidade. O cheiro totalmente reconhecido a distancia. As manias, as vontades e as caretas, tudo já tão ordinário que passamos a chamar aquilo de nossa rotina. Como estender a toalha. Onde colocar o copo. Como preparar o almoço. Saber o ponto exato do vinho, da cerveja e da carne. Aprendemos os gostos e os desgostos. Transformamos a surpresa em rotina.
Rotina que enjoa, que castiga, que traz o declínio. Quando já se sabe com qual palavra se termina as frases e a reação já não é mais surpresa, é porque nos perdemos na rotina. É bom. É ruim. Saber é bom. Perder a surpresa e ruim. E foi isso. A falta da surpresa e o excesso de saber que denunciou o porquê o brilho do olhar sumiu. Conhecê-lo, respondia sem palavras o que me tirava o sono. “Você ainda me ama?”
A resposta não foi surpresa, mas surpreendeu! Era o fim da rotina.

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