Talvez seja só mais um dia. Um dia sem importância. Um dia ordinário e normal. É só o meu aniversário, pensava ela. Mas é só mais um dia. Um dia. Mais uma nova idade.
Talvez não haja nada de especial em comemorar datas, receber presentes, ganhar atenção. Pensava ela. É só mais um dia. Um dia que fico mais velha.
Talvez esqueçam. Ou se lembrem. Talvez uma festa surpresa. Fantasia ela. E ela queria uma festa surpresa. Queria os amigos. Queria os presentes. Mas não queria os dias que a envelheciam.
Enquanto ela desejava os amigos, os presentes, a festa, o carinho, ele chegou em silencio e a surpreendeu com uma única rosa. Uma rosa branca.
-Pra você! Ganhei no supermercado.
-Quanta consideração!
Sem saber se sentia alegria ou tristeza pelo pouco caso, recebeu a rosa e tentou lhe entregar um sorriso de gratidão. Tentava decifrar se ele se esqueceu ou não do seu aniversario. E confirmou a certeza do esquecimento quando ele a convidou para comprar cigarro, relembrando a rotina de todas as tardes compartilhadas.
Foram caminhando pelas ruas. Cinco quarteirões. Minutos e minutos de conversa despretensiosa e provocações. Compraram o cigarro. Fumaram. Dois cada um. E resolveram esticar a caminhada para o shopping. Mais quinze minutos, e muitas conversações. Entregaram-se ao passeio, confidenciavam fofocas e segredos e brincavam de descobrir coisas e minúcias da vida alheia.
-Acho que são amantes, dizia ele.
E ela refutava com convicção de que eram namorados.
-Esses dois têm um filho.
-E uma filha. Um casal de gêmeos. Mas não são casados.
-Como você é chato! Para você, nunca ninguém é casado ou compromissado. Rapaz, creio que você terá muitos problemas com compromisso.
-Ah, como você me conhece bem!
Dividiram a tarde do aniversario dela entre conversas, pessoas, comidas e uma sessão de cinema que ele escolheu, pois duvidava do gosto cinéfilo dela.
Quando começava anoitecer resolveram voltar para casa. Meia hora de caminhada e mais brincadeiras e confidencias. Ela já começava esquecer que era seu aniversario, quando ele a parou pelo braço e lhe entregou uma caixinha.
-Feliz aniversario.
-Pensei que tivesse esquecido!
-Que nada! Gostou?
-Gostei. E como gostei. Eram os brincos que eu queria, como você sabia?
-Sempre sei! E também porque você não fala de outra coisa a pelo menos uma semana.
Ela riu. E ele retribuiu o sorriso.
Talvez ele se importe, pensou ela. Talvez ele também sinta! E esqueceu da vontade de ter os amigos, a festa. Faltando uns dois quarteirões para alcançarem o edifício onde moravam ele interrompe a alegria infantil dela e lhe confidencia que não poderia ficar para a festa surpresa que prepararam para ela.
-E não diga que lhe contei da festa!
-Mas sacia minha curiosidade, por que você não ficará para minha festa surpresa?
-Vou sair com Eliza. Você entende né?
Era só mais um dia. Mais uma nova idade. Uma data comemorada no pedaço da rotina de ser a eterna melhor amiga.
Talvez não haja nada de especial em comemorar datas, receber presentes, ganhar atenção. Pensava ela. É só mais um dia. Um dia que fico mais velha.
Talvez esqueçam. Ou se lembrem. Talvez uma festa surpresa. Fantasia ela. E ela queria uma festa surpresa. Queria os amigos. Queria os presentes. Mas não queria os dias que a envelheciam.
Enquanto ela desejava os amigos, os presentes, a festa, o carinho, ele chegou em silencio e a surpreendeu com uma única rosa. Uma rosa branca.
-Pra você! Ganhei no supermercado.
-Quanta consideração!
Sem saber se sentia alegria ou tristeza pelo pouco caso, recebeu a rosa e tentou lhe entregar um sorriso de gratidão. Tentava decifrar se ele se esqueceu ou não do seu aniversario. E confirmou a certeza do esquecimento quando ele a convidou para comprar cigarro, relembrando a rotina de todas as tardes compartilhadas.
Foram caminhando pelas ruas. Cinco quarteirões. Minutos e minutos de conversa despretensiosa e provocações. Compraram o cigarro. Fumaram. Dois cada um. E resolveram esticar a caminhada para o shopping. Mais quinze minutos, e muitas conversações. Entregaram-se ao passeio, confidenciavam fofocas e segredos e brincavam de descobrir coisas e minúcias da vida alheia.
-Acho que são amantes, dizia ele.
E ela refutava com convicção de que eram namorados.
-Esses dois têm um filho.
-E uma filha. Um casal de gêmeos. Mas não são casados.
-Como você é chato! Para você, nunca ninguém é casado ou compromissado. Rapaz, creio que você terá muitos problemas com compromisso.
-Ah, como você me conhece bem!
Dividiram a tarde do aniversario dela entre conversas, pessoas, comidas e uma sessão de cinema que ele escolheu, pois duvidava do gosto cinéfilo dela.
Quando começava anoitecer resolveram voltar para casa. Meia hora de caminhada e mais brincadeiras e confidencias. Ela já começava esquecer que era seu aniversario, quando ele a parou pelo braço e lhe entregou uma caixinha.
-Feliz aniversario.
-Pensei que tivesse esquecido!
-Que nada! Gostou?
-Gostei. E como gostei. Eram os brincos que eu queria, como você sabia?
-Sempre sei! E também porque você não fala de outra coisa a pelo menos uma semana.
Ela riu. E ele retribuiu o sorriso.
Talvez ele se importe, pensou ela. Talvez ele também sinta! E esqueceu da vontade de ter os amigos, a festa. Faltando uns dois quarteirões para alcançarem o edifício onde moravam ele interrompe a alegria infantil dela e lhe confidencia que não poderia ficar para a festa surpresa que prepararam para ela.
-E não diga que lhe contei da festa!
-Mas sacia minha curiosidade, por que você não ficará para minha festa surpresa?
-Vou sair com Eliza. Você entende né?
Era só mais um dia. Mais uma nova idade. Uma data comemorada no pedaço da rotina de ser a eterna melhor amiga.
Ai... Isso dá uma dor! Afinal, quem nunca passou por isso? A pessoa fica esperando eternamente e só ouve o que não quer. Mas não consegue ficar longe.
ResponderExcluirAdorei o conto. De verdade. Passarei aqui mais vezes.
Abraço!