E eis que passados três meses ele criou coragem e lhe perguntou:
-Você tem religião?
E ela, mais corajosa ainda respondeu, convicta e monossilábica: Não!
-Mas você não acredita em nada?
-Nadica!
-Me responde uma coisa, com sinceridade, você fica triste de vez em quando?
Ela logo imaginou que ele fosse servir uma dose de algum evangelho e forçar a entrada de Deus no seu coração. Mesmo assim, temendo o discurso sou feliz porque tenho Jesus no coração, arriscou e respondeu:
-Como qualquer ser humano tenho dias felizes, mas também tenho dias tristes.
-E o que você faz nos dias tristes?
-Nada, melhor, encaro eles, as vezes fico com raiva, xingo, mas sei que eles serão superados.
-Mas você não acredita em nada, como pode encarar as dificuldades?
-Muito simples, meu querido, eu apenas acredito em mim. E isso basta.
-Se eu não tivesse religião acho que não levantaria da cama! Ultimamente só tenho dias tristes, e diferente de você, não consigo encara-los, é um grande desconforto.
-Por acaso você já ouviu falar em depressão?
...
Depois da conversa ele sumiu. Sem religião, sem amizade, essa era a equação. Abandonou a amiga e continuo mais tristonho que nunca, e por duas vezes, tentou se reunir com Deus para uma conversa mais intima.
Ele não entendeu as regras do jogo. Não lembrou do "Quanto menos tem, mais será tirado!". Quero só ver ir lá e falar "Então Deus, eu to meio triste sabe..." e vai escutar um "Ah, então você tá triste. Comendo todo dia, emprego, salário, dois braços, duas pernas, mãe, pai, namorada, amigos... Peraí que você vai ver o que é ser triste de fato. Continua nessa pra você ver!"
ResponderExcluirE quando Ele resolve mostrar a felicidade, aguenta!
"Puxa, eu era feliz e não sabia... snif!"
=]