E daí que essa semana teve o lance do STF e a união estável homoafetiva. É, eu sei, noticia velha e decisão que vem com muito atraso, mas que considerando as particularidades nacionais mostra-se de extrema importância. Enfim, não pretendo entrar no mérito nem discutir os aspectos jurídicos, meu proposito, por hora é outro, e diz respeito, justamente da dificuldade que encontro em me manter viva, saudável e sem atritos intelectuais, nos espaços que estou transitando.
Se antes me relacionava com pessoas que, por terem uma trajetória histórico-cultural semelhante a minha, permitiam minhas expressões, atualmente convivo com sujeitos com concepções diversas, o que, apesar de gerar novas interpretações, ressignificações, e também me auxiliarem a compor o quadro dessa tal humanidade, por outro lado, causam certos desgastes.
Que fique claro, não encaro orientação sexual como um requisito de distinção dos sujeitos, não vejo diferença no amor e afeto entre casais héteros e homoafetivos, portanto, decisões que tem o escopo de mostrar o real significado da palavra igualdade, recebem meu aval. E todos sabem das minhas posições, portanto, nunca estive em armários seja quanto minhas ideologias e crenças, seja em emitir qualquer opinião, mas agora, percebo que tentam impor um limite as minhas expressões, ou seja, uma tentativa de deixarem aflorar apenas os pensamentos orientados por uma visão cultural distorcida (a do homem branco, hétero e detentor do capital), na tentativa de que eu compre essa ideia, e, isso, tem gerado tensão em muitos momentos.
Dito isso, se no meu espaço não posso escancarar através de algumas palavras (afinal, para romper preconceito é necessário a desmistificação de algumas situações e isso leva tempo) digo aqui o que tive que engolir na quinta-feira:
Não diga que é um estardalhaço comemorar se não lhe é negado as manifestações de carinho em publico, se não lhe é negado a igualdade de direitos quando as obrigações são iguais. Não diga que não é importante se você é um sujeito visível aos olhos do mundo.
Embora eu não tenha dito literalmente tais palavras, venho gradualmente expressando minhas opiniões, e tentando proporcionar a duvida quanto quem construiu os esteriótipos e caricaturas que eles juram odiar tanto. É um processo lento, difícil, e que talvez desperte algumas mentes, ou talvez nem isso. E quem sabe, um dia eu entenda a humanidade e talvez ela também me entenda.
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