Tirou um papel amarrotado do bolso traseiro da calça. Desdobrou e leu a primeira linha da frase.
Fechou os olhos. Permaneceu no escuro por cinco segundos, e quando veio novamente à luz, olhou pela janela do quarto. Admirou o jardim.
Aquele contraste do verde com a cor das rosas vermelhas o enfeitiçava.
E especialmente naquele dia, contemplava aquela imagem com mais adoração. Naquele dia, aquela pintura significava mais do que ele podia sentir.
Com o coração disparado, voltou os olhos para aquele papel. E perdido naquelas linhas, deixou que as lagrimas caminhassem em direção ao chão.
O tum tum do coração cedeu àquelas palavras a musicalidade que cabia aquela escrita.
Era uma cartinha. Simples. Honesta. Uma declaração de amor.
Por trás daquela letra tremida estava a emoção de quem abria o coração.
Dois eu te amos foram gravados naquele papel. E com aqueles dois eu te amos, o autor tentava convencer o destinatário de toda a sua paixão.
Não tinha poesia. Nem carregava a arte dos grandes escritores.
Não trazia grandes arroubos apaixonados e nem prosa encantada.
O autor daquela declaração só foi capaz de escrever que a amava, que a desejava, o quanto ela era importante, e que, não sabia mais viver sem ela.
O autor só foi capaz de fazer um rascunho preto e branco. As cores, não sabia como te-las, mas torcia para que ela conseguisse ver a coloração de todo aquele amor.
Olhando mais uma vez aquele papel, releu aquelas frases. Dobrou. Guardou novamente no bolso.
Avançou em direção do jardim. E parando perto das rosas, escolheu o botão mais bonito e colheu. E, pronto para expulsar do peito aqueles eu te amo foi em busca dela.
Com uma tristeza aguda e no silencio do mundo, ele repousou a rosa e a carta na lapide que sugou o sorriso que lhe era mais belo.
- Eu te amo.
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