terça-feira, 26 de agosto de 2008

Você

Você, que ressurgiu e me surpreendeu com sua presença.
Você, dono daquele sorriso belo e olhos amendoados encantadores. Que com olhar moleque me derrubava perante seus desejos diários. Que com aquele sorriso aberto de lado, o levantar da sobrancelha,  o adorável e delicado passar de mãos nas minha pernas, me roubavam o ar fazendo de mim sua vassala. 
Você, que retorna após anos de sumiço. Me assustando. Me fazendo queimar de novo. 
Você,  que me faz esconder a nossa atual pouca intimidade entre palavras que conhecíamos em outros anos. Você, que é mestre no desejo, me faz guardar minha autoridade rancorosa e vestir meu casaco dócil e esperançoso, enquanto espero o encontro.
Você e sua boca contornada pela barba negra, seu olhar perdido, e aquele sorriso entreaberto, voltaram do passado apenas para me presentear com o melhor bom dia da minha vida.
Mas, você, que traz esse passado tão excitante implicitamente traz a constatação do obvio: o tempo é intransigente demais!
Nunca imaginei que fosse te ver barbado e de olhos cansados...sucumbimos ao tempo e seus efeitos.
Nunca imaginei que depois de tanto transcorrer, seu canto ainda me inebriaria, minha ansiedade pelo olhar ainda teria vez, e que meus dedos saberiam que caminho seguir na sua pele.
Você, ainda é você! Com ou sem tempo, me faço novamente sua vassala.

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