A conversa. Gestos sutis e delicados. Olhares dissimulados. A temperatura dos dois no mesmo nível. O desejo. A paquera. A vontade mutua.
Aquela dança da atração entre dois corpos cheios de vontades.
Transformar toda essa insinuação em ação do corpo exigia apenas a leitura da partitura.
Tocar o braço. Olho no olho. Aproximação da boca. A distância curta. O caminho a boca. Os olhos se fecham. A respiração acelera. O movimento perfeito. Milímetros do beijo... E a mão que seguia na busca pelo rosto do outro é inexplicavelmente paralisada.
Ele, depois de transpirar todos os sinais da paquera, recua. Freia aquela mão feminina e pálida no ar. Todo o desejo que ali existia é convertido em culpa e vergonha.
Ele, o culpado. Ela, a envergonhada.
Catatônica. Perplexa pela fragilidade daquela personalidade. Repelida de um afeto, de um afago. Inconformada por aquela mudança de vontade.
Estranhamente ele mudou de idéia e decidiu que naquela relação apenas a amizade reinaria.
Ela foi despejada pela culpa que abateu o peito dele. Medroso que era preferia não arriscar a amizade por algo incerto como o amor.
Melhor manter a amiga à perder a namorada e a amizade.
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