Estendeu a mão e a puxou do chão.
- Tá tudo bem?
Acenou com a cabeça.
A mão retirando o cabelo dos olhos. Ela tentando se recompor.
E risos. Gargalhadas.
Ele ria mais que ela.
- Alê, por que você me jogou no chão?! Como você é chato!
- Desculpa! Foi sem querer. Quando vi, já tinha aplicado o golpe, e bum, lá ta você no chão.
E ele começou bater nas pernas dela como quem queria retirar a poeira que ficou agarrada à calça.
- Pará! Agora vai me bater, não bastou me derrubar no chão?
Mais risos.
Os olhares fixos. E risos.
Risos nervosos.
Ele a puxava para perto para conferir se nenhum osso estava quebrado. E ela rindo.
Foram minutos e minutos de gargalhadas.
Uma crise de riso invadiu o diafragma daqueles dois. E entre os pedidos de desculpas dele, as tentativas de nova demonstração de golpes, e entre os olhares, nasciam os risos.
Foram duas horas nessa comedia desmedida e insignificante. Foram duas horas revezadas em riso, toques, golpes interrompidos, diálogos ininteligíveis, e olhares de cumplicidade.
Os dois com os abdomens doloridos sabiam que a brincadeira de aula de judô só havia começado como uma desculpa.
Como uma justificativa para aqueles dois corpos se tocarem.
E por isso riam.
Gargalhavam a falta de sucesso em sentirem a pele um do outro.
Risos. Sorriso! Gargalhadas.
Até que foram interrompidos.
Foram fisgados daquela interação particular e lançados para a realidade dos compromissos da vida.
- Alê, Paty, vamos! Já estamos atrasados para a aula de inglês!
Tem sempre um amigo chato que chega e suga a fantasia para a realidade.
Acabou com a aula de judô. Essa iria continuar logo após os risos cessarem.
Mas o horário não permitiu.
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