quarta-feira, 26 de março de 2008

Aula de Judô

Estendeu a mão e a puxou do chão.

- Tá tudo bem?

Acenou com a cabeça.

A mão retirando o cabelo dos olhos. Ela tentando se recompor.

E risos. Gargalhadas.

Ele ria mais que ela.

- Alê, por que você me jogou no chão?! Como você é chato!

- Desculpa! Foi sem querer. Quando vi, já tinha aplicado o golpe, e bum, lá ta você no chão.

E ele começou bater nas pernas dela como quem queria retirar a poeira que ficou agarrada à calça.

- Pará! Agora vai me bater, não bastou me derrubar no chão?

Mais risos.

Os olhares fixos. E risos.

Risos nervosos.

Ele a puxava para perto para conferir se nenhum osso estava quebrado. E ela rindo.

Foram minutos e minutos de gargalhadas.

Uma crise de riso invadiu o diafragma daqueles dois. E entre os pedidos de desculpas dele, as tentativas de nova demonstração de golpes, e entre os olhares, nasciam os risos.

Foram duas horas nessa comedia desmedida e insignificante. Foram duas horas revezadas em riso, toques, golpes interrompidos, diálogos ininteligíveis, e olhares de cumplicidade.

Os dois com os abdomens doloridos sabiam que a brincadeira de aula de judô só havia começado como uma desculpa.

Como uma justificativa para aqueles dois corpos se tocarem.

E por isso riam.

Gargalhavam a falta de sucesso em sentirem a pele um do outro.

Risos. Sorriso! Gargalhadas.

Até que foram interrompidos.

Foram fisgados daquela interação particular e lançados para a realidade dos compromissos da vida.

- Alê, Paty, vamos! Já estamos atrasados para a aula de inglês!

Tem sempre um amigo chato que chega e suga a fantasia para a realidade.

Acabou com a aula de judô. Essa iria continuar logo após os risos cessarem.

Mas o horário não permitiu.

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