A mão segurou a menina pelo ombro.
- Presta atenção!
Foi o único desabafo daquele infeliz motorista.
A freada seca no asfalto.
O susto.
O Cheiro de borracha.
Um gelo percorreu a espinha dele.
E ela nada disse. Apenas se perdeu naquele olhar apavorado do menino.
- Thais! Nossa, dessa vez foi por pouco. Quase que você foi atropelada!
- É.
- Credo. Como eu assustei! E você com essa cara de quem nem tá ai. Sua insensível!
- Mas foi só um susto. Nada aconteceu.
- Você é loca!
Permaneceram em silencio. Os dois subiam a rua pensando no que quase aconteceu.
Ele, assustado, porém orgulhoso por salva-la. Mal conseguia suportar a idéia do carro tocando o corpo dela.
As idéias dela, ao contrario do que ele poderia imaginar, eram apenas de infelicidade. Não conformava- se como o fim foi evitado.
A menina queria aquilo.
Ela queria se retirar do palco.
Ela queria encerrar o espetáculo.
Mas a mão dele foi tão rápida como o reflexo do motorista. E assim os dois evitaram o acidente. Prorrogaram mais um pouco o inevitável.
Chegaram ao seu destino ainda em silencio.
Moravam no mesmo condômino. Em prédios diferentes. Um em frente ao outro. No quinto andar. Apenas sete metros de distancia
O menino esperava o elevador enquanto ela cruzava o pátio.
E ele acompanhou o caminhar da menina, enquanto ela se afastava.
Repassava o ocorrido na sua mente. Teve a mesma sensação de desespero.
- Eu te ligo mais tarde, Thais.
- Tá.
O menino, ainda abalado com a imagem, correu até a menina. Ofegante deu um abraço emocionado nela, e mudo, voltou para sua espera.
Emoções tão contrarias pulsavam na veia dela. O querer voltava a germinar. Descobriu que o menino também se importava.
Sabe, é assustador nunca sabermos o que se passa na cabeça de uma pessoa, e é tão bom, pois só assim nunda descobririamos em momentos como esse quem se importa?
ResponderExcluirbjus